ARTIGO – Acolhimento nas universidades

Prof. Dr. Jardelino Menegat*

A Educação é um dos assuntos dominantes na vida das pessoas e das famílias, desde os primeiros anos de idade. De uma forma ou de outra, qualquer pai ou mãe procura transmitir ensinamentos desde cedo. Depois encaminham seus pequenos para as instituições de ensino e, estes, ao longo dos anos, se esforçam para lá permanecerem, pelo menos até a iminência de se engajarem no mercado de trabalho.

Na fase da Educação Superior, a Universidade é preponderante para contribuir decisivamente para o jovem agregar condições mínimas, de modo a selecionar o caminho que irá trilhar ao longo de sua vida adulta. São fases difíceis para chegar a este ponto. A realidade brasileira impõe uma série de sacrifícios às famílias, às suas crianças e jovens que têm a oportunidade de estudar, sem interrupções, durante o período do ensino fundamental e do médio.

Ao avançar para o plano universitário, o jovem, por vezes, traz em si condições que inibem o bom desenvolvimento estudantil. Podem ser desde traumas pessoais, psicológicos, formação escolar anterior precária que o deixa inapto para encarar o conteúdo das matérias do Ensino Superior, condição econômica desfavorável, situação de vulnerabilidade social, entre outros fatores.

O papel da Universidade é, portanto, acolher este jovem em todos os sentidos possíveis, e até os limites por ele admitidos em pleno respeito às suas condições, opiniões, crenças, posicionamentos, formação educacional, valores e princípios. A instituição deve avaliar este jovem, identificar suas potencialidades e apoiá-lo a desenvolvê-las, contribuindo para prestar suporte em todos os momentos voltados a mitigar as questões que se interponham nesse caminho. É fundamental dotar todos os universitários de condições semelhantes, ao máximo possível, para apreenderem os conhecimentos que serão ministrados e desenvolvidos ao longo do curso.

Estas são características do acolhimento físico, psicológico e espiritual que a Universidade precisa exercitar diariamente em prol de seu estudante. Este é o papel humanista a ser desempenhado pela Instituição de Ensino Superior (IES) que pretende formar cidadãos de valor, com princípios sólidos e éticos, generosos com o próximo, engajados com os interesses das comunidades e do país e futuros profissionais de destaque no mercado de trabalho.

É preciso, portanto, ir além da prestação de serviços de excelência acadêmica. Só assim a Universidade ficará marcada para sempre na história deste jovem cidadão do mundo com algo a mais: será considerada o principal diferencial no desejado sucesso do aluno ao longo de sua vida, certamente, com impactos positivos nas futuras gerações familiares.

E para isso ser viável, a espiritualidade precisa ser evidenciada no aprendizado. Ela, no entanto, parece ser um componente da formação educacional superior um tanto distante das universidades, à exceção das instituições confessionais e comunitárias, como é o caso da Universidade Católica de Brasília (UCB). A valorização da espiritualidade é encarada e trabalhada junto ao jovem estudante como elemento de bem-estar do ser humano, indissociável da formação estudantil, portanto.

Isso significa, na prática, que as portas da Universidade estão abertas para acolher, ouvir e dialogar com todos, sem distinção de raça, credo, cor, gênero, classe social, como estabelecem os princípios cristãos. A UCB é formada por uma multiplicidade de pessoas, um exemplo vivo de convivência harmoniosa e respeitosa em termos de espiritualidade, educação e cidadania, ainda que existam as diferenças de opinião, gostos e crenças. Essa diversidade coexiste, configura um aprendizado coletivo e também é alimentada pelo fato de a UCB abrir suas instalações para dar amplo acesso à comunidade. Quem reside ou frequenta as áreas contíguas às instalações da Universidade encontra livre tráfego para circular por lá, para frequentar as bibliotecas, o departamento de informática, as atrações culturais e esportivas, por exemplo.

É com esta abertura, proximidade, confiança e transparência que uma se sente fortemente pertencente à outra; é uma ‘licença social’ para operar que a Universidade conquista, de modo orgânico, algo de grande valor, almejado por qualquer empresa ou organização.

Este fator é preponderante para criar laços indissociáveis entre a Universidade e a sociedade, com reflexos fundamentais na formação do aluno, no desenvolvimento de sua percepção de como ele pode ser um agente transformador positivo nas comunidades. Na UCB, os alunos estão diretamente envolvidos em práticas de atenção à comunidade; são exemplos à alfabetização, à inclusão digital, ao atendimento a refugiados, à prestação de serviços comunitários de saúde e direito, entre tantos outros.

Acolher e ser acolhido. Os estudantes recebem aconselhamento, orientação, quando sempre precisam, dos que atuam na Universidade. Os estudantes doam seu tempo à comunidade em uma demonstração cidadã de verdadeira preocupação com o próximo, um excelente preparo para encarar o futuro de frente.

*Reitor da Universidade Católica de Brasília 

Foto: Rogério Theisen /La Salle

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