Dirigentes de universidades federais relatam dificuldades para manter unidades fora das sedes

Em seminário na Comissão de Educação da Câmara no último dia 19 de junho, dirigentes de universidades federais de todo o País relataram dificuldades na gestão das unidades de ensino que estão fora das sedes. Os problemas principais são de infraestrutura, de recursos humanos e orçamentários. Uma enquete com 78 diretores mostra que 75% dos campi não têm estrutura apropriada para o ensino e em 83% faltam condições para a realização de pesquisas.

Segundo o diretor do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (MG), Peterson Andrade, há uma sensação generalizada de instabilidade. “Hoje a gente ouviu alguns colegas falando: ‘Ah, não comprei casa na cidade porque o campus pode fechar’. Essa insegurança tem dificultado a fixação dos servidores”, revelou.

Os problemas também passam pela questão salarial. O campus da Universidade Federal do Amazonas em Coari, a 400 km de Manaus, abriu 22 vagas para professores no curso de Medicina, mas nenhuma foi preenchida porque ninguém se dispôs a ganhar R$ 2.600 por 20 horas semanais de trabalho.

O Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Paulo Barone, listou outros entraves, como a falta de infraestrutura de algumas cidades que recebem os campi e unidades que ficam a até mil quilômetros da sede. Ele também reconheceu problemas de gestão e obras paradas e disse que a estabilização desta primeira fase de interiorização do ensino superior ainda vai levar tempo.

“Além da consolidação dos investimentos, será necessário certamente um prazo muito longo de consolidação, de maturação acadêmica dos nossos programas. Todos vocês entendem o que significa porque sabem que os tempos necessários para essa maturação são, por natureza, longos. O fenômeno acadêmico é um fenômeno de longa duração”, argumentou.

Parlamentares e dirigentes das instituições reclamaram da Emenda Constitucional 95, que limita gastos pelos próximos 20 anos. Atualmente há 332 campi universitários: destes, 268 unidades estão fora das sedes. No caso dos institutos federais, são 41 instituições e 650 campi espalhados pelo país.

Expansão

Para o deputado Pedro Uczai (PT-SC), um dos coordenadores do seminário que discutiu o tema, apesar das dificuldades, essa grande rede já é motivo de comemoração.

“Eu prefiro ouvir de vocês os problemas que vocês têm nos campi, do que não ter campi”. Eu prefiro ter problema com os trabalhadores e com os técnicos, porque tem trabalhadores e técnicos trabalhando em campus que não existiam. Então, esses problemas são fruto da expansão”, declarou.
Durante o seminário, os dirigentes das instituições de ensino superior pediram que a subcomissão da Comissão de Educação que trata dos problemas dos campi fora das sedes continue seus trabalhos. O prazo já foi estendido até o final deste ano.

Fonte: Agência Câmara Notícias

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