Universidades se valorizam ao prestar serviços às comunidades

Medicina, direito, odontologia, educação, psicologia são algumas das áreas em que universidades de várias regiões do país prestam serviços gratuitos às comunidades. Reconhecidas como um grande benefício à população, essas atividades são campo para a prática de estágio obrigatório de seus estudantes.
Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Universidade de Brasília (UnB), ambas associadas ao Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) são exemplos de instituições que atendem à comunidade. O professor Fernando Augusto Lapa Guimarães, coordenador da assessoria jurídica (Astepi) da universidade comunitária Unicap, os ganhos pedagógicos dessas atividades são muito importantes. “Primeiro, o ganho acadêmico e científico, pela oportunidade de exercitar na prática as atividades, no caso, do direito e da advocacia”, comenta ele. “Depois, o ganho social, no atendimento à comunidade carente, que não encontra apoio do estado e a universidade assume esse papel de buscar a solução para seus problemas e conflitos.”

Fernando Guimarães conta que o aluno, juntamente com o professor, recebe o cliente e faz os encaminhamentos jurídicos. “Quando possível, se estabelece uma conciliação. Como temos convênio com o Tribunal de Justiça, isso ocorre no próprio núcleo da prática.” Do contrário, formaliza-se uma ação, entregue no tribunal, com o acompanhamento do acadêmico. “Essa experiência é um ganho acadêmico e social.”

“Com o atendimento à comunidade, aprendemos a aplicar o direito na prática, e não ficamos limitados à sala de aula”, observa Ricardo Cavalcanti, aluno do décimo período de direito da Unicap. “Não podemos ficar somente na teoria e esquecer da prática. E com a prática laboratorial, aprendemos a usar nosso conhecimento.” O empresário Franklin Azevedo, que recebeu assistência jurídica da universidade, complementa: “Com esse trabalho de conciliação, tem diminuído a carga sobre a justiça. Muitos casos são resolvidos aqui sem precisar chegar até o juiz, por meio de conciliação.”

Medicina – A professora Lenora Gandolfi, da UnB, coordena os projetos Saúde Integral em Famílias Carentes do Distrito Federal e Educação Integral e Inclusão Social, em regiões carentes do Distrito Federal. “Esses projetos de extensão não envolvem somente alunos de medicina. Tenho alunos de nutrição, odontologia, psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, entre outros. São mais de 100 alunos. Transformei esses projetos em disciplina de pós-graduação, e assim vão alunos de mestrado e doutorado.”

Ela explica que o projeto atende em áreas carentes de regiões como Estrutural, Santa Maria, Recanto das Emas, Ceilândia, Sol Nascente, Pôr do Sol e São Sebastião. “Cada comunidade tem um líder local que separa de seis a oito famílias para visitarmos, com a equipe, a cada sábado. Desde 1998 que fazemos isso. Cada família tem um prontuário e cada aluno da determinada área trabalha a sua experiência – infantil, ginecologia, hipertensão, obesidade, consulta médica. E quando necessário eu encaminho para o Hospital Universitário (HUB).”

“Eu tenho fila de espera para participação nos projetos, tem alunos que participam durante três, quatro, cinco anos”, conta Lenora, que coordena também um projeto com oco na recuperação de menores infratores em áreas carentes do DF.

Educação – Em Uberaba (MG), por iniciativa da UFTM, funciona o Cursinho de Educação Popular, com foco na preparação de alunos para vestibulares e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As aulas serão ministradas por 27 estudantes de diversos cursos da UFTM, e supervisionadas pelos professores do Centro de Educação Profissional (Cefores). São 70 vagas por semestre e pode participar quem concluiu ou está matriculado no terceiro ano do ensino médio em escola pública. Alunos de escola particular também podem se inscrever desde que comprovem que foram beneficiados com bolsa integral.

Uma das coordenadoras do projeto, a professora Jaqueline Oliveira Lima Zago, explica que os alunos da universidade precisam cumprir uma carga horária de atividades complementares e trabalhar como professores voluntários. A UFTM incentiva que eles cumpram.

“Além disso, há a preparação para a docência. Muitos alunos da universidade já vislumbram atuação na sala de aula. Trabalhar com o cursinho é como se fosse um preparatório para a docência mesmo. Alguns alunos são de curso de licenciatura, ou então já têm a intenção mais declarada, mas alunos de outras áreas também têm essa intenção. Há alunos que prestam um novo processo seletivo, até formar.”

Para a professora, as universidades têm dificuldade de chegar até as escolas públicas, mas com esse serviço para a comunidade pode-se criar um incentivo para que alunos ingressem na universidade pública. “Muitas vezes eles não têm conhecimento de que podem vir a ser alunos da universidade pública.

Muitas pessoas ainda não sabem que em Uberaba, por exemplo, tem universidade pública, estatal, gratuita, de qualidade. Então a divulgação do cursinho chega a todas as escolas e faz com que esses alunos acreditem que podem vir a frequentar”, reflete a professora. “Esperamos que o contato com outros alunos da universidade, com aquela vida acadêmica cotidiana, estimule, motive esses meninos a fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a fazer um curso superior. O maior ganho para a universidade é a divulgação do nosso trabalho para a comunidade, que precisa, mas nem sempre tem acesso à informação”, conclui.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MEC – Foto: Reprodução/Unicap 

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