Guedes sugere a senadores uso de reservas internacionais para conter danos da pandemia

Valor Econômico

O congelamento de salários de servidores públicos pelo período de dois anos também foi sugerido pelo ministro em videoconferência na quinta-feira (9).

O ministro Paulo Guedes (Economia) defendeu, segundo senadores, que o governo federal faça uso recursos das reservas internacionais do país para conter os danos causados pela pandemia do coronavírus na economia. A manifestação foi feita a um grupo de senadores na noite da última quinta-feira (9), em uma videoconferência que teve a participação de integrantes do Podemos, do Cidadania e Rede, que compõem o chamado Grupo “Muda Senado!”.

De acordo com o senador Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), que participou do encontro virtual, Guedes fez a afirmação quando questionado como o governo estava estimando pagar as contas públicas feitas devido à pandemia.

“Ele (Guedes) disse que é incongruente um país ter uma dívida pública de quase R$ 4 trilhões e manter reservas de aproximadamente R$ 2 trilhões”, afirmou Ranfolfe.

Aos senadores, Guedes ainda disse que o Brasil não precisa de todo o volume das divisas internacionais.

“Ele ainda afirmou: ‘O Brasil não precisa de todo este volume em divisas internacionais, talvez a metade disso. Assim, passada a crise, nada impede que possamos utilizar parte deste montante para pagar a conta da crise e até reduzir nosso endividamento’”, afirmou o senador.

O congelamento de salários de servidores públicos pelo período de dois anos também foi sugerido pelo ministro como alternativa para aumentar os recursos do governo.

“O ministro disse que com a redução dos juros da taxa Selic já economizamos R$ 120 bilhões esse ano e sugeriu duas medidas, congelamento do salário de servidores públicos por dois anos e internalização das reservas internacionais, que hoje somam 370 bilhões de dólares”, disse o senador.

Esta não é a primeira vez que o ministro da Economia defende o uso das reservas internacionais para o pagamento de dívidas. Durante a campanha eleitoral de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro para a Presidência, Guedes defendeu que a venda de parte das reservas poderia ajudar na redução da dívida pública, além de reduzir as despesas com juros da dívida. As reservas atuais equivalem a 20% do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com dados do Banco Central (BC), a estimativa é que neste ano, devido à crise econômica acelerada pela pandemia, a dívida bruta do país deva alcançar 80% do PIB. Na mesma reunião com os senadores, o ministro afirmou que o PIB poderá recuar em até 4%, caso passe de julho o isolamento social proposto como forma de reduzir o contágio pelo coronavírus.

A reunião desta quinta foi a quarta da semana entre o ministro e senadores. Guedes escalou o núcleo duro de sua equipe econômica para as conferências virtuais, que se estenderam madrugada adentro, na grande maioria.

Segundo a assessoria do ministro, a reunião foi proposta por ele para que pudesse ser explicado aos senadores a necessidade de apreciação da PEC do Orçamento de Guerra, que tem sua votação prevista para segunda-feira (13). Procurada neste sábado (11), a assessoria do ministro ainda não se manifestou.

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