Pesquisadores da UFBA seguem para Antártica em estudo sobre respostas neurocognitivas e adaptativas do ser humano em ambientes extremos

Uma equipe de pesquisadores da UFBA se prepara para realizar estudo de campo para a coleta de dados na Antártica. A iniciativa é do Projeto MediAntar – Medicina e Fisiologia na Antártica e busca respostas neurocognitivas e adaptativas ao ambiente Antártico e para além da Antártica, em um paralelo entre diferentes contextos desafiadores.

Coordenado pelo professor Thiago Mendes, do Departamento de Educação Física da Faculdade de Educação (Faced/UFBA), o MediAntar está vinculado ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), da Marinha do Brasil, e tem como foco o estudo dos processos adaptativos decorrentes da interação entre o ser humano e o ambiente antártico, caracterizado como isolado, confinado e extremo (ICE).

“O objetivo principal do nosso grupo é compreender as respostas fisiológicas, cognitivas e comportamentais diante das condições ICE e identificar estratégias para aprimorar as práticas de saúde voltadas aos participantes de missões antárticas (grupos militares e civis), considerando também os potenciais impactos das mudanças climáticas sobre a fisiologia e a saúde humana”, explica Mendes.

A realização do estudo, que ocorrerá entre os anos de 2025 e 2026, promoverá a coleta de dados sobre a saúde e desempenho humano de participantes que permanecerão na Estação Antártica Comanda Ferraz (EACF) por 13 meses. Além disso, o planejamento envolve também um trabalho inédito de coleta de dados e monitoramento de aspectos de saúde em colaboração com pesquisadores do Projeto Criosfera, durante expedição de trabalho em um dos pontos mais ao sul do planeta. O projeto analisa modelos climáticos na região e monitora informações sobre meteorologia, níveis de gás carbônico, ozônio na superfície, radiação solar global, deposição de neve, raios cósmicos, entre outras.

A missão dos pesquisadores da UFBA, ao investigar aspectos de saúde e neurocognitivos e adaptativos decorrentes da exposição prolongada a ambientes desafiadores, busca analisar os efeitos da atividade física na mitigação de possíveis prejuízos associados à permanência de longa duração nesses ambientes.

De acordo com o coordenador do projeto, a equipe irá a campo na Antártica no período do verão austral, entre novembro de 2025 e março de 2026, monitorando aspectos de saúde, desempenho humano e neurocognição dos pesquisadores e militares, que permitirão avaliar os efeitos da permanência na região. O ambiente antártico possui características únicas, mas semelhantes aos encontrados em plataformas em alto mar, navios, submarinos, florestas e outros ambientes isolados e com limitações, que trazem repercussões fisiológicas para os seres humanos.

Após a fase inicial do estudo de campo (verão antártico), a pesquisa seguirá de forma remota durante o período do inverno em que as condições climáticas dificultam o embarque e desembarque de pesquisadores no continente gelado. Uma nova fase para a coleta de dados na Antártica está programada para novembro de 2026, conforme antecipa Thiago Mendes.

Ele ressalta a importância do desenvolvimento da área de pesquisa voltada para a saúde em ambientes extremos, no contexto das mudanças climáticas e sobre os seus efeitos na saúde humana. Conforme afirma, trata-se de uma área de estudo muito nova no Brasil, sendo a Medicina Polar criada no último Plano Decenal para a Ciência Antártica do Brasil (2023-2032) publicado pelo MCTI. Ele também aponta a contribuição fundamental da Universidade e do projeto Mediantar para a formação de recursos humanos na área.

A iniciativa conta com a participação de discentes de diferentes níveis: mestrado, doutorado e pós-doutorado vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde da UFBA, além de estudantes do PIBIC, PIBITI. Também conta com financiamento e apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN)/Marinha do Brasil/Marinha do Brasil, Petrobras, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), CNPQ e Capes.

Na UFBA, as atividades de pesquisa são ligadas ao laboratório de Fisiologia do Exercício e Saúde (LAFES) e ao grupo de pesquisa Mediantar, que – além de ter a coordenação de Thiago Mendes -, conta com a subcoordenação de Rosa Maria Arantes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Programa Antártico Brasileiro (Proantar)

O Brasil, como sétimo país mais próximo da região antártica, e com motivações estratégicas, científicas, geopolíticas e econômicas, desde 1975, aderiu ao Tratado da Antártica, e, em 1982, deu início ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar).

O Proantar estabelece como o Brasil participará das explorações científicas desse continente, em vista à sua importância para a humanidade e especialmente para o país. O objetivo é compreender os fenômenos que ali ocorrem e sua influência sobre o território nacional, contribuindo, assim, para a efetivação da presença brasileira na região.

Fonte: Universidade Federal da Bahia