Desenvolvido no Núcleo de Ciências de Dados e Inteligência Artificial, o AEY Health é um sistema de análise inteligente voltado ao mapeamento de empreendimentos urbanos
O empreendedorismo em Fortaleza é dinâmico e descentralizado, com forte presença de micro e pequenos negócios que impulsionam a economia, especialmente nos setores de serviços e comércio. Apesar dos avanços e do fortalecimento na cidade, a informalidade sobre como funciona a economia espacial das regiões de Fortaleza ainda se configura como um dos principais desafios para novos empreendedores.
De olho nesse cenário, a Universidade de Fortaleza — vinculada a Fundação Edson Queiroz — impulsiona estudos que buscam auxiliar os empreendedores da cidade de Fortaleza. É o caso do projeto AEY Health, uma startup voltada à inovação e soluções inteligentes em saúde e negócios desenvolvida pelo Núcleo de Ciências de Dados e Inteligência Artificial (NCDIA).
A empresa participou do desenvolvimento de uma pesquisa que consiste na criação de um sistema de análise inteligente voltado ao mapeamento de empreendimentos urbanos, com foco inicial na cidade de Fortaleza. A ideia é compreender a dinâmica econômica e espacial da cidade, identificando os tipos de negócios mais presentes em cada região.
No contexto do estudo, o AEY Health atua como parceiro institucional, colaborando no desenvolvimento da aplicação e na integração com possíveis modelos de negócio voltados ao público B2B (Business to Business), onde o cliente final de uma empresa é outro empreendimento.
O professor Jorge Luiz Bezerra, pesquisador do NCDIA que está à frente do projeto, conta que o principal objetivo é auxiliar empreendedores e gestores urbanos na tomada de decisão sobre quais tipos de empreendimentos são mais adequados a determinada região, com base em análises de saturação, correlação e relevância local.
Além de Jorge, a pesquisa contou com a participação de João Albery Andrade, CEO da AEY Health Negócios em Saúde Ltda, e Francion Linhares Justino, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA) da Unifor.
Como funciona a pesquisa?
Jorge explica que o usuário do AEY Health informa um endereço ou ponto da cidade. A partir disso, o sistema analisa o entorno, considerando outros empreendimentos próximos, densidade e relevância. Depois, retorna um relatório com os tipos de negócios mais promissores para aquela área, além de gráficos explicativos sobre o nível de saturação de cada categoria.
De acordo com o professor, o desenvolvimento do trabalho envolveu várias etapas:
- Coleta e integração de dados públicos, especialmente da base do Ministério da Fazenda, combinados a informações obtidas por técnicas de web scraping (como dados do Google Maps);
- Limpeza e padronização dos dados para garantir consistência e comparabilidade;
- Aplicação de técnicas de Inteligência Artificial e sistemas de recomendação, que analisam correlações entre tipos de empreendimentos e suas distribuições na cidade;
- Desenvolvimento de uma aplicação web, onde o usuário insere um endereço e recebe um relatório com sugestões de empreendimentos adequados à região e os motivos dessas recomendações.
Para ele, continuar desenvolvendo pesquisas nessa área é essencial para aprimorar modelos de recomendação territorial, criando cidades mais inteligentes e economicamente equilibradas. “O cruzamento entre dados públicos e inteligência artificial é um caminho natural para a formação de políticas de desenvolvimento urbano baseadas em evidências”, ressalta Jorge.
Quais os benefícios para a sociedade?
O pesquisador do NCDIA conta que a pesquisa traz benefícios diretos para empreendedores locais, gestores públicos e investidores, pois fornece informações estratégicas sobre o cenário econômico urbano. Além disso, promove o uso de ciência de dados como instrumento de planejamento e desenvolvimento econômico sustentável, fortalecendo o ecossistema de inovação da cidade.
Francion Linhares, mestrando do PPGIA da Unifor, explica que o estudo oferece vantagens concretas para empreendedores da região, autoridades municipais e investidores ao disponibilizar dados estratégicos sobre a dinâmica econômica urbana. Ainda promove o uso da ciência de dados como ferramenta de planejamento e incentivo ao desenvolvimento econômico sustentável, fortalecendo o ecossistema de inovação da cidade.
“A pesquisa contribui para decisões mais embasadas e eficientes na abertura de novos empreendimentos, reduzindo riscos e otimizando investimentos. Também auxilia o poder público no planejamento urbano, permitindo identificar regiões com potencial de crescimento e equilibrar a distribuição de atividades econômicas”, declara.
Para a comunidade, o mestrando fala que os resultados incentivam o desenvolvimento de bairros mais estruturados, com oferta diversificada de serviços e geração de empregos locais.
Resultados e estrutura
Apesar da pesquisa ainda não ter sido publicada, foi concluída uma aplicação web funcional do AEY Health, capaz de gerar relatórios automáticos sobre uma região selecionada. O sistema já apresenta análises de saturação e sugestões de empreendimentos com base em indicadores estatísticos e algoritmos de recomendação.
Francion conta que a Universidade de Fortaleza, por intermédio do Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial (NCDIA), prestou apoio técnico e científico, oferecendo infraestrutura computacional, suporte metodológico e conexão com o ecossistema de pesquisa aplicada.
Fonte: Universidade de Fortaleza