Pesquisa avalia conforto e eficiência energética em habitações do Minha Casa Minha Vida

Com o objetivo de aprimorar a qualidade das moradias populares no Brasil, pesquisadores da UEL estão à frente de um projeto de pesquisa que surgiu em 2024, coordenado nacionalmente pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O projeto é financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e investiga padrões de habitação em diferentes regiões do país, além das condições de conforto e eficiência energética em habitações construídas pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). A pesquisa integra uma rede nacional com 10 universidades e tem como foco as unidades destinadas à faixa 1 do programa, voltadas à população de menor renda.

A professora e arquiteta Thalita Giglio, vinculada ao Departamento de Construção Civil e ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, coordena o projeto na UEL. Também colaboram a pesquisa as professoras Camila Atem e Vanessa Costa Santos, também do Departamento de Construção Civil. Thalita explica que a iniciativa busca compreender como as famílias percebem o conforto ambiental das residências. “Nosso papel enquanto pesquisadores é investigar a percepção de quem mora nesses espaços. A habitação não deve apenas prover moradia, mas oferecer qualidade, temperatura adequada, boa ventilação, acústica e iluminação natural”, destaca.

O estudo avalia como aspectos simples de projeto, como sacadas, venezianas e áreas sombreadas, podem melhorar o conforto térmico e reduzir o consumo de energia. “A ideia é entregar uma habitação que aproveite mecanismos naturais para manter a qualidade do ar e o conforto dos moradores, consumindo menos energia”, explica a docente.

Nesse sentido, o conceito de eficiência energética é central. O grupo estuda como as moradias podem consumir menos eletricidade sem abrir mão do conforto. “Muitas famílias vivem a chamada “pobreza energética”, não têm condições de adaptar suas casas ou investir em ventiladores e ar-condicionado. Por isso, é fundamental que o projeto arquitetônico contemple soluções passivas de conforto”, afirma.

Em Londrina, o levantamento é realizado no Conjunto Vista Bela, na região norte da cidade, onde as pesquisadoras entrevistam 120 famílias residentes nos prédios do condomínio. As visitas são feitas em duplas, envolvendo doutorandos, mestrandos e alunos de Iniciação Científica, os quais coletam informações socioeconômicas e aplicam questionários sobre percepção de conforto. Durante as entrevistas, equipamentos chamados confortímetros registram dados climáticos, como temperatura do ar, umidade relativa, velocidade do vento, e temperatura radiante média no interior do apartamento. Além disso, é avaliado o desempenho dos sistemas de aquecimento solar de água, instalados em alguns dos prédios do condomínio.

A pesquisa também analisa o consumo de energia elétrica das residências levantando todos os equipamentos elétricos existentes além da fatura de energia elétrica. “As habitações brasileiras representam cerca de 28% do consumo total de eletricidade do país. Nosso desafio é manter o baixo consumo, mas com mais qualidade e conforto”, explica a professora.

Simulações

Além das visitas em campo, o grupo de pesquisa realiza simulações computacionais que projetam cenários de clima futuro, testando soluções arquitetônicas e sistemas construtivos mais resilientes. “Podemos propor novas unidades mais adequadas às mudanças climáticas. O objetivo é pensar a casa do futuro, mais sustentável e eficiente”, relata.

Segundo a professora, o trabalho conjunto é essencial para compreender como o mesmo modelo de moradia se comporta em climas distintos. “Infelizmente, o padrão construtivo é o mesmo em todo o Brasil, do Sul ao Nordeste. Avaliar esses contextos nos ajuda a apontar onde ele funciona e onde precisa ser aprimorado”, completa.

O projeto busca, por meio da pesquisa, construir uma nova perspectiva de moradia mais confortável e sustentável para a população que depende das habitações populares. Com a participação de grupos de pesquisa de várias regiões do país, a iniciativa tem como principal objetivo promover qualidade de vida habitacional, considerando as diferenças.

Fonte: O Perobal – UEL