Artur Avila vira super-herói em livro sobre cientistas brasileiros

Eles coletam dados, formulam hipóteses, realizam experimentos e chegam a conclusões valiosas que impactam diversas esferas da vida. São responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologias indispensáveis como a eletricidade, as vacinas e os medicamentos. Por que não chamá-los de super-heróis? Lançado pela editora HarperKids na última semana, o livro “Super-heróis da Ciência: 52 brasileiros e suas pesquisas” quer apresentar ao público infanto-juvenil as descobertas e contribuições de importantes cientistas nacionais. Pesquisador extraordinário do IMPA e vencedor da Medalha Fields em 2014, Artur Avila é um dos homenageados na obra.

“Acho muito importante a iniciativa de trazer ao publico jovem exemplos de cientistas e de suas contribuições. Creio que pode servir realmente de inspiração, humanizando um pouco a prática científica, que de longe pode parecer tão abstrata. Tomei conhecimento deste livro pela imprensa, mas fiquei lisonjeado de me ver incluído ao lado de nomes que me são familiares desde criança, como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas”, comentou Avila.

Os autores são a bióloga Ana Cláudia Bonassa e a farmacêutica-bioquímica Laura Marise, pesquisadoras de pós-doutorado da Universidade de São Paulo (USP) e criadoras do canal de YouTube Nunca Vi 1 Cientista, e o farmacêutico-bioquímico Renan Araújo, fundador do grupo de divulgação Via Saber.

Com histórias de pesquisadoras como a engenheira Carmen Portinho (1903-2001) e a bióloga Mayana Zatz, o livro busca ser uma espécie de inspiração e guia para jovens que ambicionam seguir o caminho acadêmico. “Para nós, o fundamental é mostrar que a ciência é para todo mundo e humanizar o cientista”, afirmou Araújo em entrevista à Folha de S.Paulo.

Por causa de seus projetos em divulgação científica nas redes sociais, o trio já tinha habilidade em descrever trabalhos de áreas distintas da ciência de uma forma atrativa e interessante. “Não podia ser um catálogo de cientistas. O livro tem nossa cara, é o jeito que a gente fala. As pessoas gostam das piadinhas, dos memes”, disse Ana Bonassa ao jornal.

Descrever trabalhos mais complexos e abstratos, como a pesquisa de Avila em sistemas dinâmicos, foi um desafio maior para os autores, todos pesquisadores das áreas de ciências biológicas. O trio teve que recorrer a um time de especialistas para garantir que não estariam cometendo nenhuma imprecisão.

Além dos perfis dos 52 “super-heróis da ciência”, o livro conta ainda com uma lista de divulgadores científicos e um guia rápido sobre método científico, que fala, por exemplo, da importância da verificação das fontes das informações, além apontar as armadilhas nas quais as pessoas tendem a cair.

“Não precisa ser cientista ou estar numa carreira científica para empregar o conhecimento científico na sua vida. A gente consegue mostrar os preceitos —como pensar cientificamente— e aplicar no dia a dia. O importante é criar esse pensamento crítico: duvidar, questionar, investigar”, pontuou Marise.

Fonte: Folha de S.Paulo

Imagem: HarperKids