Metade dos professores de Matemática em sala de aula no país não possuem formação adequada. Em Português, esse percentual chega a 40%, apontam os números do Censo Escolar 2016. Os dados foram apresentados pelo diretor de Educação a Distância da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Carlos Lenuzza, durante a abertura da 10ª Reunião Ordinária do Fórum Nacional do Sistema UAB.
“Esses números deveriam ser gritantes para qualquer educador e gestor da educação. Os jovens passam boa parte do tempo em formação com um profissional que não possui formação adequada para estar em sala de aula. É a partir desse diagnóstico preciso, não realizado anteriormente com esse detalhamento, que podemos colocar as peças certas na formação de professores e resolver essa situação rapidamente”, afirma Lenuzza.
Política Nacional
Para enfrentar esse desafio, o diretor apresentou a Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação, lançada no último dia dos professores. “A política compreende que a qualidade das aprendizagens depende da qualidade do trabalho do professor. Entre os fatores que podem ser controlados pela política educacional, o professor é o que tem o maior peso na determinação do desempenho dos alunos”, explica.
Números do Censo Escolar 2016 também apontam que o Brasil tem 2.196.397 professores da educação básica, sendo que 488 mil concluíram apenas o Ensino Médio, 95 mil não possuem licenciatura, e seis mil possuem apenas com o Ensino Fundamental. “Esse quadro é composto por uma maioria de normalistas, antigos cuidadores e outros educadores enraizados em seus sistemas e que, salvo raras exceções, não quiseram aproveitar as oportunidades de formação docente que existiram na última década”, conta Lenuzza.
De acordo com o diretor, é preciso atuar na mobilização. “A baixa adesão à capacitação se resolve com a valorização do magistério, uma melhor remuneração. Estamos próximos da universalização da formação em ensino superior dos nossos educadores. A maioria já tem formação em nível superior.” Carlos Lenuzza afirma que é necessário, então, observar o número de professores com licenciatura atuando em área diferente daquela que leciona. “Esse dado não havia sido apurado e isso ajuda a nossa ação direcionada”. Biologia é a área com mais professores com formação adequada, 78% do cenário ideal de formação. Artes é a área com menor percentual, apenas 17% dos docentes com licenciatura na área.
Uma das soluções para essa questão está em oferecer cursos de segunda licenciatura para formandos em Pedagogia, responsáveis por 652 mil matriculas só em 2015. “Nos últimos quatro anos, foram 800 mil pedagogos formados. Temos uma enorme massa de formados. Mesmo que saíssem todos os professores da Educação Básica de uma só vez, em apenas três anos de formação teríamos a reposição de todo o contingente. Essas pessoas foram despertadas para o curso de Pedagogia e isso precisa ser valorizado. Queremos convocar os interessados em educação nesse montante: se apenas 5% desses formandos estiverem interessados em uma segunda licenciatura, já são 40 mil professores capacitados. Diferente do PARFOR, que buscamos formandos de outras áreas para formação pedagógica correta, poderemos oferecer a eles uma das terminalidades da Base Nacional Curricular que nos faltam. Esse é um bom tema para nossos editais futuros”, concluiu.
UAB
Criada em 2005, a Universidade Aberta do Brasil (UAB) é uma rede formada por instituições públicas que oferece cursos de nível superior por meio de educação a distância. A prioridade da UAB é ofertar formação para pessoal atuante na educação básica – professores, gestores e colaboradores, mas existem ofertas de formação para o público em geral. O Sistema UAB é coordenado pela Diretoria de Educação a Distância (DED) da CAPES.
Fonte: CCS/CAPES – Foto Haydée Vieira
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