Editora multinacional britânica
O docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Deni Ireneu Alfaro Rubbo, professor do curso de Ciências Sociais na unidade Amambai, do Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória) em Campo Grande e do Programa de Pós-Graduação de Sociologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), além de chefe da Divisão de Pós-Graduação pela Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PROPPI-UEMS), lançará, em agosto e setembro, dois livros: José Carlos Mariátegui: Marxism and Critique of Eurocentrism e Aníbal Quijano: Dissidences and Crossroads of Latin American Critical Theory, ambos pela prestigiosa editora britânica-americana Routledge, considerada uma das maiores editoras acadêmicas do mundo. As duas obras também integram a coleção Classic and Contemporary Latin American Social Theory da Routledge, coordenada por Adrian Scribano.
“José Carlos Mariátegui (1894-1930) e Aníbal Quijano (1930-2018) são dois pensadores peruanos excepcionais, com uma produção teórica robusta e, cada vez mais, difundidos e discutidos em âmbito internacional pelas diversas áreas das ciências humanas. Eles não são autores importantes apenas para uma dimensão local ou regional, na verdade, são pensadores universais. Não se pode entender completamente, por exemplo, a teoria da colonialidade do poder e a crítica ao eurocentrismo, dois temas altamente internacionalizados, sem passar pelas obras desses dois autores peruanos. Eu diria que é imprescindível. Mesmo as ciências humanas no Brasil, influenciada historicamente por um arcabouço teórico europeu, atualmente, elas têm tido uma maior abertura para conhecer autoras e autores do continente latino-americano e de outros espaços outrora ignorados (como a África, por exemplo) na geopolítica do conhecimento. Mariátegui e Quijano foram autores não-canônicos, rebeldes, heterodoxos e insubmissos. Suas posições políticas e intervenções teóricas geraram polêmicas e dissidências em seus respectivos itinerários, provocando irrupções no ‘pensamento ocidental’. Essas características fazem com que eles sejam tão instigantes e intrigantes como objetos de pesquisa”, aponta Rubbo.
A obra Aníbal Quijano: Dissidences and Crossroads of Latin American Critical Theory é o resultado de capítulos de livros elaborados por pesquisadores e pesquisadoras de diversos países sobre a trajetória e o pensamento do sociólogo peruano Aníbal Quijano. Trata-se do primeiro livro em inglês publicado sobre Aníbal Quijano. Além de Deni Alfaro Rubbo, que é o editor do livro, assinam capítulos nomes como Pablo Quintero, Danilo Clímaco, Zulma Palermo, Segundo Montoya, Júlio Mejía, Danilla Aguiar, Jaime Ríos, Victor Pacheco, Yuri Gómez e Paz Concha Elizalde e Reba Gaytán.
O livro foi concebido graças à aprovação de um projeto de mobilidade internacional de Alfaro Rubbo intitulado “O enigma da colonialidade do poder: trajetória e circulação internacional de Aníbal Quijano”, na modalidade intercâmbio de pesquisa, submetido ao Edital Conjunto n. 01/2021 ARELIN-PROEC-PROPPI da UEMS, realizado no período de maio a julho de 2022. Foi também parte da pesquisa de pós-doutorado do professor da UEMS durante o período de agosto de 2022 a julho de 2023 no Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.
“Bem resumidamente, esse livro pretende contribuir com análises da volumosa e diversificada produção acadêmica de Quijano distribuída praticamente ao longo de sessenta anos de trajetória intelectual. Nas décadas de 1960 e 1970, o autor peruano produziu textos essenciais sobre os movimentos camponeses, o processo de urbanização e a estrutura de classes no Peru e na América Latina, mobilizando categorias sociológicas como marginalidade, dependência e heterogeneidade estrutural. Dedicou-se a investigar a dominação imperialista no Peru e suas implicações para as classes sociais à luz do regime militar de Velasco Alvarado (1968-1975), de quem foi crítico, e criou a revista Sociedad y Política. Nas décadas de 1990 e 2000, o sociólogo peruano publicou um conjunto de textos sobre a colonialidade e descolonialidade do poder, o que representa uma construção teórica indissociável dos processos e experiências que ocorriam no Peru, na América Latina e no mundo, desde a ‘globalização’ do ‘neoliberalismo’ às resistências globais e locais. Assim, este livro dirige-se a todos aqueles, com ou sem formação especializada em ciências sociais, interessados em conhecer não só a história das ciências sociais na América Latina, mas principalmente em compreender as raízes históricas e os dilemas políticos das sociedades capitalistas periféricas”, ressalta professor da UEMS que integra também o Centro de Estudos, Pesquisa, Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (CEPEGRE).
Por sua vez, o livro José Carlos Mariátegui: Marxism and Critique of Eurocentrism, com previsão de ser publicado em setembro, propõe uma reconstrução sociológica e histórica da trajetória intelectual do peruano José Carlos Mariátegui, chamando atenção para elaborações conceituais, análises sociais e opções políticas que atravessam seu itinerário particularmente sua crítica ao eurocentrismo. A obra também propõe articular biografia política e produção intelectual do pensador peruano e, assim, fornecer um panorama global e uma contextualização não exaustiva de suas principais contribuições.
Segundo o docente da UEMS, “a obra de Mariátegui expressa um amplo e variado campo temático. Ele transitou entre questões literárias, artísticas, sociológicas e políticas. Provavelmente a profissão de jornalista, que exerceu durante toda vida, o motivava escrever sobre assuntos tão diversificados. Neste livro tentei mesclar discussões antigas e novas a respeito de Mariátegui de temas mais conhecidos e de menor audiência. Assim, creio que será possível telegrafar à leitora e ao leitor momentos chaves de sua trajetória e do desenvolvimento de algumas de suas ideias, em especial contribuições de rupturas com o pensamento eurocêntrico. Na realidade, o livro busca ser um estímulo para que outros militantes e pesquisadores da área de ciências humanas se inquietem com esse personagem errante da América Latina. É também um convite à leitura da variada obra do autor peruano que abarca a especificidade do marxismo, a concepção de socialismo indo-americano, a relação entre política e religião, a discussão da questão ‘indígena’, ‘raça’ e ‘nação’, enfim, episódios vitais de sua ruptura com o mundo oligárquico e com uma concepção eurocêntrica da história”.
Confira o livro sobre Aníbal Quijano, https://www.routledge.com/Anibal-Quijano-Dissidences-and-Crossroads-of-Latin-American-Critical-Theory/AlfaroRubbo/p/book/9781032617725
Confira o livro sobre José Carlos Mariátegui, https://www.routledge.com/Jose-Carlos-Mariategui-Marxism-and-Critique-of-Eurocentrism/Rubbo/p/book/9781032611594
Conheça mais sobre as obras lançadas pela Editora Routledge, https://www.routledge.com
Fonte: ASCOM/UEMS