Encontro debate a questão da interdisciplinaridade nas universidades brasileiras

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sediou o 3º Encontro Acadêmico Internacional – Interdisciplinaridade nas Universidades Brasileiras – Resultados e Desafios, com objetivo de discutir, propor e estabelecer medidas que possam contribuir com a internacionalização e institucionalização no âmbito das universidades brasileiras, bem como para sua adoção pelos órgãos de fomento no país.

Internacionalização

 

Durante a abertura, o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, associou a questão da internacionalização das universidades brasileiras com a interdisciplinaridade. “Estamos em uma fase de planejar o futuro das instituições, buscar a internacionalização. Universidades de classe mundial são centradas em inovação, com número pequeno de alunos em salas de aula, com ênfase no ‘fazer’ e não apenas no ‘formar’, além de ter muita autonomia, governabilidade e capacidade de se auto gerir, sem interferências externas. Essas não são características fáceis de ter. Estamos em busca da internacionalização, primeiramente, por meio das parcerias. Com isso, buscamos estimular os cursos a terem uma perspectiva de estarem reconhecidos no exterior.”

 

Em seu discurso, o presidente da Capes ressaltou o desenvolvimento que o Brasil já teve na pós-graduação e, atualmente, também na graduação, por meio do Ciência sem Fronteiras. “Estamos tendo avanços consideráveis em pouco tempo. As instituições no exterior estão ávidas por parcerias com o Brasil. Temos então que discutir o modelo pelo qual podemos caminhar para atingir de fato essa internacionalização. E isso abrange a interdisciplinaridade. Muitas universidades estrangeiras, por exemplo, não têm nem uma divisão por departamentos, como temos por aqui. Temos que aprofundar na interdisciplinaridade para garantir a internacionalização.”

 

Encontro

 

Arlindo Philippi Jr, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do livro lançado na parte da tarde do evento, “Práticas da Interdisciplinaridade no Ensino e Pesquisa”, relatou um histórico dos encontros realizados em 2010 e em 2012 e falou sobre a programação do evento. “Teremos painéis e palestras que nortearão nossas discussões. Além disso, traremos o que foi levantado nas reuniões regionais organizadas pelo Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop) para debatermos e atingirmos os objetivos deste encontro.”

 

Mauro Ravagnani, presidente do Foprop, complementou: “Nós do Foprop compramos essa ideia de realizar esse evento há algum tempo, simplesmente porque acreditamos que é preciso colocar esse tema em prática. O momento é agora. Temos um grande número de pessoas reunidas, mas, mais importante que isso é a qualidade dos envolvidos.” Sergio Luis Gargioni, presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), concordou dizendo que “no evento estão presentes representantes fundamentais da inteligência brasileira na área interdisciplinar, além de grandes destaques internacionais.”

 

Ravagnani ressaltou, ainda, que existem questões fundamentais que devem ser pensadas, como a convivência da área inter com as áreas disciplinares. “Não podemos começar as universidades do zero, mas temos que tratar fortemente essas questões nas universidades, que ainda são conservadoras. Além disso, temos que pensar no tipo de docentes que estão sendo contratados. Devemos insistir que nossos profissionais tenham competências que não englobam somente a formação disciplinar. É preciso que essas discussões sejam colocadas na ponta de onde tudo acontece. Temos que nos comprometer a resolver esse problema ou, ao menos, tentar minimizá-lo.”

 

Estratégia

 

Presente na abertura, o conselheiro do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Liza Curi, representando o presidente do órgão, tratou a interdisciplinaridade como tema central na política pública. “A ausência da interdisciplinaridade transforma os conteúdos em limitados, impossibilitando, às vezes, estratégias em longo prazo. Parabenizo a organização por ter agendado esse encontro que permite que o compromisso dos órgãos de colocar a interdisciplinaridade em processo de expansão para o desenvolvimento da educação superior seja estimulado. A interdisciplinaridade é fator essencial para a atualização dos currículos.”

 

Definição

 

Além de agradecer o grande número de inscrições para o evento, o diretor de Avaliação da Capes, Livio Amaral, ressaltou a importância do evento para aprofundar na questão da interdisciplinaridade. “Temos aqui a oportunidade de debater este assunto resgatando tudo o que já foi tratado sobre ele. Quem define a avaliação é a realidade do que acontece nos programas de pós-graduação. Precisamos então debater características da área em seu todo para, cada vez mais, definir critérios, avanços, e modelagens para melhor fazer a avaliação dos cursos nessa área.”

 

Painéis e palestras

 

Após a abertura, foram apresentados no Painel 1, os resultados e encaminhamentos dos encontros regionais e do Encontro Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Enprop), realizado em dezembro de 2013. Paulo Cesar Duque Estrada, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e ex-presidente do Foprop, ressaltou, entre as necessidades levantadas nos encontros, o incentivo ao lançamento de editais de fomento à interdisciplinaridade e da difusão da área por meio de publicações; a promoção da internacionalização da área; a identificação e compartilhamento de experiências e práticas em programas e projetos inovadores interdisciplinares em todos os níveis de ensino; a revisão de normativas que regulam os editais de concurso publico e planos de carreira; a discussão sobre o papel do orientador, ampliando o recurso a múltiplos orientadores nos programas de pós-graduação; e a definição de estratégias institucionais nos diplomas vinculados à formação interdisciplinar, para definir as abordagens da formação.

 

Na palestra “Institucionalização da Interdisciplinaridade nas Universidades”, Johann Koeppel, da Technical University of Berlin, falou sobre o tema em sua instituição. Para apresentar a palestra, Vahan Agoypan, da Universidade de São Paulo (USP), parabenizou a iniciativa da realização dos encontros regionais e comentou sobre os anseios da questão da interdisciplinaridade. “Achávamos que seria óbvia essa transição, porém agora percebemos o quanto é difícil. Temos que discutir um meio de colocar a ideia da interdisciplinaridade dentro de nossas universidades.”

 

Fonte: Assessoria de Comunicação da Capes

 

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