O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aumentará seus recursos de acessibilidade. A partir de 2023, o cartão-resposta da prova e a folha de redação, que, até então, eram impressos em fonte padrão (tamanho 12) para todos os participantes, terão opção ampliada (tamanho 18) para pessoas com deficiência visual que solicitarem o recurso.
O objetivo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), é proporcionar mais autonomia para pessoas com deficiência visual, promovendo equidade. Neste ano, o Exame será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. As inscrições para o Enem 2023 deverão ser realizadas entre os dias 8 e 19 de maio, na Página do Participante.
Opinião — o Inep convidou alguns participantes que solicitaram a prova superampliada no Enem 2022 para conhecerem o novo cartão adaptado em primeira mão, na sede do Instituto, em Brasília. Dentre eles, estava a cearense Gonçala Marques, de 47 anos, moradora de Valparaíso de Goiás (GO), município localizado a cerca de 35 km de Brasília (DF). Ela tem glaucoma (doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular), condição que dificultou sua trajetória escolar.
Ela participará do Enem pela quarta vez. Para Gonçala, preencher o gabarito nesse novo formato a deixará ainda mais em pé de igualdade com quem enxerga sem dificuldades. “Na minha casa, por exemplo, não tem televisão. Eu não consigo ver. Minha visão é complicada. Na hora da prova, eu começo com a vista descansada. Pareço uma criança que chegou na sala de aula pela primeira vez. Em cinco minutos, estou pedindo ajuda. As letras sobem, descem, apagam, mas o novo cartão-resposta é ótimo. Na minha família inteira, não tem ninguém que tenha o ensino médio e uma faculdade. O meu foco é entrar para a área da Saúde e ajudar pessoas de baixa renda como eu. A meta é me tornar nutricionista”, afirmou a participante.
Acessibilidade e inclusão — desde 2000, com a Política de Acessibilidade e Inclusão, o Inep oferece atendimento e recursos em seus exames e avaliações. Entre os perfis que podem solicitar os atendimentos especializados, estão: pessoas com baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva, surdez, deficiência intelectual (mental), surdocegueira, dislexia, déficit de atenção, transtorno do espectro autista, discalculia, gestantes, lactantes, idosos, além de pessoas com outras condições específicas.
Avaliação de atendimento — a coordenadora-geral de Desenvolvimento da Aplicação do Inep, Andréia Gonçalves, analisou as avaliações de atendimento especializado dos participantes do Enem 2018, 2019 e 2020 durante seu pós-doutorado, realizado em 2021. Essa avaliação é aplicada para compreender se os recursos cumpriram com o objetivo de garantir acessibilidade e isonomia.
Ela percebeu que o principal motivo de queixa era o tamanho do cartão-resposta das provas ampliada e superampliada. A partir disso, ela propôs ao Instituto a ampliação dos cartões para todas as aplicações. “Conversamos com as instituições aplicadoras, com as gráficas e conseguimos ampliar o tamanho do cartão”, explicou a coordenadora.
O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) foi o primeiro a contar com a adaptação. Segundo Andréia, o retorno sobre a melhoria no Revalida foi satisfatório: o cartão em tamanho maior foi escolhido por todos os participantes com deficiência visual. Ainda assim, a opção pelo cartão-resposta em tamanho padrão e pelo auxílio de um transcritor simultaneamente seguem disponíveis.
Fonte: MEC