Fundação Péter Murányi premia trabalhos em Ciência e Tecnologia

Invenções incluem nanoscópio, reator sustentável e tecnologia para reduzir a evasão escolar; CAPES participa de cerimônia, em SP

 

A 22ª Edição do Prêmio Péter Murányi ocorreu nesta quinta-feira, 25 de abril, na sede da Fundação que leva o nome da premiação, em São Paulo. Foram distribuídos R$250 mil para três trabalhos em Ciência e Tecnologia, invenções que incluem um nanoscópio desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um reator sustentável, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o uso de inteligência artificial para reduzir a evasão escolar, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Parceira da iniciativa, a CAPES participou da cerimônia. Coube ao diretor de Avaliação, Antonio Gomes de Souza Filho, representar a Fundação. De acordo com o gestor, os trabalhos premiados são exemplos concretos da aplicação do conhecimento científico. “A maior parte da ciência do Brasil é produzida nas universidades e no âmbito dos Programas de Pós-Graduação. As inovações aqui premiadas são fruto do esforço dos nossos pesquisadores e evidência da importância do investimento em educação e ciência, e principalmente a formação de pesquisadores e empreendedores”, disse.
O primeiro colocado no prêmio, agraciado com R$200 mil, foi o projeto coordenado pelos professores Ado Jorio Vasconcelos e Luiz Gustavo Lopes de Oliveira Lopes Cançado, do Departamento de Física da UFMG. A equipe desenvolveu um nanoscópio usado para estudar materiais como grafeno e biocarvão. O desenvolvimento tecnológico permitiu obter um resultado científico que foi tema de capa da revista científica Nature, em 2021, recebeu patente e foi exportado pela empresa Fábrica de Nano Soluções (FabNS), startup criada por egressos da pós-graduação, para a Alemanha.

O Prêmio Péter Muranyi é destinado, segundo a instituição que o organiza, a projetos científicos que melhoram a vida das pessoas. “O significado desse prêmio para nós é o reconhecimento de que o trabalho que fazemos é bom para a sociedade”, disse Vasconcelos. “O microscópio é capaz de aumentar a realidade em mil vezes. Um nanoscópio aumenta a realidade em um milhão de vezes. O salto que se dá da visão de olho nu para um microscópio óptico é o mesmo salto que se dá de um microscópio óptico para um nanoscópio óptico”, explicou o cientista.
Luiz Gustavo Cançado destacou a interação entre a academia e a indústria de tecnologias. “A principal contribuição que vejo foi a formação da equipe técnica que desenvolveu o equipamento, e que hoje são empreendedores sócios da startup FabNS, que fabrica e comercializa o nanoscópio. O País precisa de gente capaz de realizar esse tipo de atividade, que entrega à sociedade os avanços alcançados na academia”, disse o pesquisador, que é coordenador adjunto de programas profissionais da área de Astronomia/Física junto à CAPES.
A segunda colocação ficou com Claudia Longo, do Instituto de Química da Unicamp, e sua equipe. Foram dados R$30 mil pela produção de um reator sustentável que pode ser usado para retirar substâncias contaminantes da água. Um exemplo é a amoxicilina, antibiótico largamente utilizado na pandemia da COVID-19 e encontrado, por exemplo, em rios. Já o terceiro colocado recebeu R$20 mil por uma solução de baixo custo com base em inteligência artificial para identificar estudantes em situação potencial de abandono escolar e mapear os motivos para isso. Segundo Leonardo Souza, professor adjunto da UFSB, o uso da tecnologia reduziu pela metade a evasão nos testes executados em duas cidades da Bahia.

Sobre o prêmio
O Prêmio Péter Muranyi tem quatro áreas temáticas, que se revezam a cada ano na seguinte ordem desde o início, em 2002: Saúde, Ciência e Tecnologia, Alimentação e Educação. São distribuídos R$250 mil na soma das premiações para os três finalistas, além de certificado e troféu. A edição deste ano teve a Ciência e Tecnologia como tema. Foram avaliados 144 trabalhos, indicados por 78 instituições situadas ao redor do Brasil.
A Comissão Técnica e Científica da premiação, composta pelos professores Lucindo José Quintans Júnior, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Luiz Eugênio Mello, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Oswaldo de Siqueira, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), e Marco Antonio Bego, da Universidade de São Paulo (USP), escolheu os finalistas.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)