Ipea e UnB lançam plataforma GovHub, que aperfeiçoa a gestão pública e transparência de dados

Ferramenta integra sistemas estruturantes do Governo Federal, qualifica informações e facilita o acesso da sociedade a dados confiáveis

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), apresentou nesta terça-feira (23) a plataforma GovHub, uma solução destinada a integrar e qualificar dados de sistemas estruturantes do governo federal. O lançamento ocorreu durante o seminário Integração e Qualificação de Dados Públicos – Caminhos para a Gestão e Transparência, no auditório do Ipea, em Brasília. A ferramenta promete transformar a forma como a administração pública organiza suas informações e promove a transparência para a sociedade.

A GovHub foi desenvolvida para enfrentar um problema histórico do setor público: a fragmentação de dados. Antes, informações sobre compras, orçamento, pessoal e transferências estavam dispersas em sistemas como ComprasGov, Siafi, TransfereGov e Siape, o que exigia trabalho manual, demorado e sujeito a inconsistências na elaboração de relatórios. Agora, a integração dessas bases permite a produção automatizada de informações qualificadas, apoiando tanto a gestão interna quanto a transparência ativa.

Durante a abertura do evento, a presidenta do Ipea, Luciana Servo, ressaltou a importância estratégica do projeto. Segundo ela, há grande volume de registros administrativos valiosos para a gestão e para a transparência pública, mas ainda pouco integrados. “É muito bom para quem está na gestão conseguir olhar as informações e tomar decisões informadas por evidência”, afirmou, destacando também a valorização das informações geradas nas áreas-meio da administração pública.

O diretor de Desenvolvimento Institucional do Ipea, Fernando Gaiger, destacou que a sociedade, também, não quer apenas acesso a bases de dados fragmentadas, mas informações claras, organizadas e úteis para acompanhar a gestão pública. “A GovHub é um passo inovador nessa direção. Ela transforma dados brutos em informações qualificadas e comparáveis, permitindo a compreensão de como são aplicados os recursos públicos.”

A professora Carla Aguiar, coordenadora do Laboratório Avançado de Produção, Pesquisa e Inovação de Software (Lappis) da UnB, explicou que a parceria buscou resolver um desafio de alta complexidade técnica: “O que a gente traz aqui é como qualificar dado, como integrar bases para gerar informação a partir de dados fragmentados”. Ela enfatizou que a GovHub também fortalece a participação social, ao simplificar o acesso a dados por meio de inteligência artificial e disponibilizá-los em software livre, reduzindo custos de adoção por órgãos públicos.

O secretário de Gestão do MGI, Roberto Pojo, comemorou o que chamou de “enorme salto” para a administração pública. Ele lembrou que, apesar do avanço na disponibilização de grandes volumes de dados, ainda faltava capacidade de transformá-los em informação gerencial acessível. Já a ouvidora-geral da União, Valdirene Medeiros, destacou que a iniciativa contribui para transformar as ouvidorias em centros de governança propositivos, permitindo que as demandas da sociedade orientem decisões estratégicas.

A secretária nacional de Transparência e Acesso à Informação da CGU, Lívia Sobota, contextualizou o lançamento como parte de uma nova fase da política de transparência: “A transparência completa-se com a sua apropriação pela sociedade. A participação é que dá sentido e significado para esse desafio”, afirmou, lembrando que a escuta social é fundamental para aprimorar a gestão.

Em uso no próprio Ipea, a GovHub já disponibiliza painéis interativos (dashboards) com informações sobre orçamento, contratos e pessoal, atualizadas diariamente e em tempo real. As próximas etapas incluem integração com a plataforma Fala.BR – canal desenvolvido pela Controladoria-Geral da União (CGU) que reúne ouvidoria e acesso à informação – e o desenvolvimento de um chatbot que permitirá ao cidadão consultar dados em linguagem natural e obter respostas diretas a partir das bases integradas.

Fonte: IPEA