O diretor-executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Capelato, disse aos deputados da Comissão de Educação da Câmara na última quarta-feira (8) que o Brasil corre o risco de ter um “apagão” de professores em um futuro próximo por causa da concentração de matrículas em cursos de bacharelado. Ele também criticou a falta de estímulos para a busca por cursos de graduação tecnológica como acontece em países mais desenvolvidos.
Capelato fez sua apresentação com base nas informações do último Mapa do Ensino Superior no Brasil, estudo elaborado pela Semesp, que cita dados de 2015. Ele adiantou que os números de 2016 mostram estagnação dessa faixa educacional devido às crises econômica e do financiamento estudantil.
Hoje, cerca de 18,5% dos jovens entre 18 e 24 anos estão no ensino superior, quando a meta do Plano Nacional de Educação é de 33% até 2024. Países como Chile e Argentina já alcançam este percentual.
Em relação à falta de professores, Capelato explicou que 40% das matrículas estão concentradas nos cursos de Direito, Administração, Engenharia Civil e Enfermagem. Entre 2010 e 2016, os bacharelados cresceram 28%, enquanto as licenciaturas tiveram uma queda de 5%. Rodrigo Capelato sugeriu mudanças nos currículos:
“Sei que isso é bastante polêmico, mas não seria o caso de rever a obrigatoriedade de se exigir mais um ano de licenciatura da pessoa que fez um bacharelado na área de química, ou na área de história, de física; para ela poder lecionar na educação básica?”, indagou.
O deputado Átila Lira (PSB-PI) concorda com a necessidade de mudar a legislação: “Há sistemáticas que poderiam ser alteradas para aproveitar os bacharéis nas áreas de matemática, de física, de química. E através de uma formação complementar, em serviço, eles seriam habilitados para lecionar essas matérias.”
Graduação Tecnológica
A situação dos cursos de graduação tecnológica, segundo Rodrigo Capelato, também é ruim porque eles respondem por apenas 8,5% do total de matrículas.
“São cursos com duração um pouco menor que os bacharelados. Eles têm de 2 a 3 anos e são muito focados para o mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, por exemplo, metade das matrículas são em community colleges, semelhantes às nossas graduações tecnológicas. Na Alemanha, 40% das matrículas são nos cursos técnicos de nível superior. Na Coreia, 35% vão para junior colleges, faculdades com cursos de 2 a 3 anos. Não dá para a gente fazer expansão do ensino superior só com os tradicionais bacharelados”, argumentou.
O Mapa do Semesp mostra que os trabalhadores com ensino superior têm mais resistência em épocas de crise e melhores salários. Entre 2014 e 2015, os postos de trabalho para esse contingente subiram 1,5%, enquanto o total de vagas para os trabalhadores com ensino fundamental caiu 3%.
O Brasil tem cerca de 6,6 milhões de estudantes de ensino superior em cursos presenciais e 1 milhão e meio em cursos à distância.
Fonte: Agência Câmara Notícias – Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados
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