Margareth encerra 4ª CNC com homenagem às mulheres

O último dia da 4° Conferência Nacional de Cultura (CNC) foi ainda mais festivo por coincidir com o Dia Internacional das Mulheres, 8 de março. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, celebrou o sucesso do evento ao lado de parte da equipe feminina que o viabilizou.

No início da noite, quando muitas delegações já se preparavam para embarcar para suas respectivas cidades, o palco montado na ala principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, ficou pequeno para tantas mulheres reunidas em torno da ministra. A chefe da Cultura fez questão de chamar nominalmente as que atuaram na organização, produção, limpeza, segurança, comunicação e outras áreas do evento. “Estou muito feliz por, justamente, encerrar a Conferência nesse dia em que celebramos nossas conquistas e lutas e fazemos reflexões também sobre a nossa vitória, a nossa história”, iniciou a ministra. “Porque sabemos que não é fácil ser mulher, não é fácil ser mulher negra, não é fácil estar em lugares de representatividade, chegar a lugares de poder, especialmente quando enfrentamos o feminicídio, a falta de oportunidade e falta de respeito mesmo.”

Em seguida, agradeceu à atuação de todas ali presentes e mandou um recado aos homens. “Os homens não se entristeçam, não, porque muitos estão com a gente também. Eu sei que defendem as mulheres. Precisamos cada vez mais de vocês, defendendo o nosso espaço, defendendo a nossa liberdade de ser, estar e ser o que a gente quer”, reforçou.

A 4° CNC teve, de fato, um grande peso feminino. Além da ministra, a coordenação da Conferência estava nas mãos de outra mulher, a secretária dos Comitês de Cultura, Roberta Martins. “É muito importante entender o papel das mulheres na produção cultural brasileira, ela é decisiva, tem uma voz forte em todas as áreas”, afirmou. “Esse engajamento reflete também a necessidade da luta e da vontade das mulheres na participação social no geral”.

O encerramento do Festival de Cultura também foi predominantemente feminino. Atração principal da noite, a cantora Daniela Mercury deu seu recado sobre o Dia das Mulheres. “A área da cultura é o lugar em que as mulheres cantam, falam, dançam, se expressam, são cenógrafas, produtoras, são mulheres inteligentes, capazes, que contribuem muito para esse universo e que às vezes têm menos visibilidade, assim como em todas as áreas e profissões, mesmo a gente com o microfone na mão”, pontuou. Daniela lembrou que no início da carreira em entrevistas, era sempre questionada sobre questões alheias à sua arte. “Eu pedia para fazerem as mesmas perguntas que fariam aos homens, sobre o processo criativo, o roteiro, os arranjos das músicas, porque normalmente presumem que só os homens fazem isso”.

Também cantora, Bia Ferreira, que participou da Conferência com a delegação de Minas Gerais, concorda que a produção cultural feminina ainda é vista de forma inferior à dos homens. “As mulheres que mais ganham dinheiro na cultura brasileira são as que se hipersexualizam ou que são hipersexualizadas pelo mercado para ocuparem esse espaço”, lamentou. “Eu espero que mais mulheres na arte consigam ter espaço e voz sem precisar dessa muleta da hiperssexualização para aparecer, mas por meio da sua arte, pelo intelectual e não pelo corpo que apresentam”.

Sobre a Conferência, a produtora Letícia Faria, do Paraná, já teve uma percepção positiva sobre a representatividade feminina. “A gente tem muito a avançar para ocupar de fato os lugares de liderança, mas agora, observando aqui a CNC, vi muitas mulheres se posicionando, tendo voz, dando a linha, coordenando debates, então a perspectiva é que cada vez mais as mulheres, todas as mulheres, ocupem vários espaços aqui”, ponderou.

Realização 

A 4ª CNC é realizada pelo MinC e pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), e correalizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Além disso, conta com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).

O Festival da Cultura, que também integra a programação, é apresentado e patrocinado pelo Banco do Brasil, como realização do MinC e do CNPC, correalização da OEI e apoio da Flacso Brasil.

Fonte: Ministério da Cultura