O reajuste das bolsas de estudo das agências de fomento federais é um atrativo para novos alunos e um “passo significativo” para repor perdas financeiras de 10 anos. Assim Mercedes Bustamante, presidente da CAPES, explicou a importância do primeiro aumento dos auxílios desde 2013, em entrevista ao programa A Voz do Brasil.
“Era uma demanda muito antiga da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e também dos docentes, como uma forma de estimular a participação dos alunos de pós-graduação”, explicou a presidente da CAPES. “O reajuste dado neste momento não cobre as perdas de 10 anos, mas já representa um passo significativo para recuperar parte delas”, continuou.
Questionada sobre a possibilidade de demorar menos tempo para conceder os próximos, Mercedes Bustamante afirmou que esse é o pensamento que norteia sua gestão. Para ela, é preciso que “num futuro próximo, tenhamos um mecanismo mais estável, mais confiável, de promover o reajuste de forma mais frequente”.
As bolsas da CAPES atendem a 178 mil estudantes de mestrado, doutorado, pós-doutorado, iniciação à docência, além de coordenadores, tutores e preceptores que atuam nos programas de formação de professores da educação básica. O valor da bolsa de mestrado sobe de R$1.500 para R$2.100 e o de doutorado, de R$2.200 para R$ 3.100. No caso do pós-doutorado, o benefício passa de R$4.100 para R$5.200. O auxílio para a iniciação à docência irá de R$400 para R$700. Os pagamentos de março já virão reajustados (confira uma tabela com todos os valores aqui).
Mais bolsas
O governo estabeleceu a educação básica como prioridade. De todos os reajustes, os maiores são para alunos de cursos de licenciatura atendidos pelos Programas Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e Residência Pedagógica: 75%. Os valores vão de R$400 para R$700. “O aumento maior para a licenciatura representa um estímulo de trazer novos talentos”, disse Mercedes.
Além disso, o governo pretende aumentar a quantidade de bolsas. A CAPES oferecerá mais 30 mil benefícios pelos Programas Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e Residência Pedagógica. Os dois oferecem, atualmente, cerca de 60 mil auxílios. Também serão atendidos mais 1,2 mil professores do ensino superior e 3,7 mil da educação básica responsáveis pela orientação e supervisão dos projetos.
Ainda serão concedidas outras 6,5 mil bolsas na soma de outras três iniciativas — Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), Universidade Aberta do Brasil (UAB) e os Programas de Mestrado Profissional para Qualificação de Professores da Rede Pública de Educação Básica (ProEB) —, além de recursos de custeio.
Também haverá mais bolsas de pós-graduação. Serão concedidos, ao longo de 2023, mais de 10 mil novos benefícios, no País e no exterior, para atender aos cursos de pós-graduação que entraram em funcionamento em 2022 e os que melhoraram suas notas na avaliação da CAPES. Parte delas será implementada pelos editais lançados em 2022. “Nós estamos ampliando bolsas para todas as áreas do conhecimento. Precisamos das Exatas, das Humanidades e das Ciências da Vida para solucionar os problemas complexos do País”, afirmou Bustamante.
Mulheres na ciência
Outro assunto tratado na entrevista foi a dificuldade para cientistas mulheres avançarem na carreira. “Precisamos quebrar certas estruturas dentro de nossas instituições, que precisam ser mais receptivas à realidade das mulheres que trabalham. Precisamos preparar nossas instituições, por exemplo, para receber jovens pesquisadoras que são mães”, afirmou a presidente da CAPES
Segundo dados da Fundação em relação ao ano base de 2021, 54% dos estudantes em cursos de pós-graduação são do sexo feminino. Dos 405 mil alunos de mestrado e doutorado no Brasil, 221 mil são mulheres. Elas também são maioria entre os beneficiários de bolsas: dados de 2020 mostram que as pesquisadoras representam 58% do total de bolsistas stricto sensu da CAPES. Embora sejam maioria numérica, pesquisadoras ainda lutam por mais respeito e oportunidades em ambientes majoritariamente masculinos. Entre os professores dos cursos de mestrado e doutorado, 57% são homens.
Fonte: CGCOM/CAPES