UFPB cria foguete que ajuda na recuperação da Caatinga

Universidade Federal da Paraíba, vinculada ao MEC, fez experimento no Cariri Paraibano. Com oito lançamentos, o foguete refloresta até 10 mil metros quadrados, podendo ser utilizado também em outros biomas

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), desenvolveu um foguete com o objetivo de recuperar e reflorestar áreas da Caatinga. Feito de garrafas PET e fibra de vidro, o foguete é confeccionado em uma impressora 3D, resultando em um instrumento sustentável e de baixo custo que dispersa sementes de espécies nativas do bioma pelo solo. 

O produto é um desdobramento da tese “Sistema de semeadura aérea por foguetes hidropneumáticos como ferramenta de recuperação de cobertura vegetal em áreas degradadas na caatinga: um estudo de viabilidade”, de Renan Aversari, sob orientação de Bartolomeu Israel, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da UFPB. 

O foguete tem cápsulas nas quais são introduzidas as sementes — que são peletizadas, ou seja, revestidas com água e um pouco de pó, a fim de melhor preservá-las, como explica Aversari: “O foguete não deixa nenhum resíduo no meio ambiente, fazendo apenas o lançamento das sementes e de uma certa quantidade calculada de água, utilizada para fazer o impulso do foguete no sistema de proporção pressurizada, nos campos demarcados”. 

O disparo das sementes ocorre em momento oportuno para que elas tenham mais chance de germinação ao chegarem ao solo. A fim de testar as sementes peletizadas que viriam a ser arremessadas do foguete, os pesquisadores fizeram, em 2021, no Cariri Paraibano, o lançamento manual dessas sementes, monitorando seu desenvolvimento. No teste, cerca de 20% delas germinaram. Um ano depois, já com o foguete, o resultado foi o mesmo, ou seja, o novo método não interferiu no percentual de germinação. Uma das plantas que brotaram é o pinhão-bravo, típico da região, que atualmente já começa a dar frutos. 

“Foi feito um primeiro experimento manual em 2021, com um tipo de pellet. Um ano depois, o pellet foi substituído para tornar possível os arremessos das sementes por meio do foguete, que foi realizado em abril de 2022, durante a estação chuvosa da região. As áreas que receberam essas sementes, no município de Cabaceiras, são de alta degradação”, detalha o orientador.  

Com apenas oito lançamentos do foguete, é possível recuperar até 1 hectare, o equivalente a 10 mil m². Outra vantagem do método é ser mais eficaz e barato de implementar do que o plantio de mudas, técnica convencional de recuperação de áreas degradadas.  

O método promete simplificar o reflorestamento em áreas de difícil acesso e em terrenos inclinados. Além disso, seu uso não se restringe à Caatinga, podendo ser utilizado em qualquer bioma, desde que a escolha e o tratamento das sementes sejam adequados.

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Fotos: Arquivo pessoal e Ascom/UFPB

Fonte: Este conteúdo é uma produção da UFPB, com apoio da Secretaria de Educação Superior (Sesu)