O uso do alendronato pode ser um dos caminhos para o tratamento de pacientes com calcificação cerebral, doença em que estruturas ósseas são formadas no cérebro. É o que aponta o artigo “Primary brain calcification in patients undergoing treatment with the biphosphanate alendronate”, publicado no periódico Scientific Reports, do grupo editorial Nature, em 15 de março. O trabalho tem autoria do professor João Ricardo Mendes de Oliveira, do Departamento de Neuropsiquiatria da UFPE, e do ex-aluno da UFPE Matheus Oliveira, atualmente neurocirurgião do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
O artigo apresenta o caso de sete pessoas com quadro de calcificação cerebral tratadas com o alendronato, uma droga já conhecida e normalmente utilizada para tratar condições com remodelamento ósseo, como osteoporose, doença de Paget e câncer ósseo. O bloqueio do remodelamento ósseo se dá por uma inibição de células que degradam e contribuem para essa condição. “Há relatos do tratamento de três pacientes com calcificações cerebrais primárias com outro tipo do medicamento bifosfanato, o etidronato. Quer dizer que um tipo de alendronato já havia sido usado nesta doença [calcificação cerebral], mas o nosso tipo foi usado pela primeira vez e em um maior número de vezes”, explica o professor João Ricardo.
Os pesquisadores perceberam uma resposta variável ao tratamento, na qual principalmente os pacientes mais jovens apresentaram resultado positivo e com diminuição dos sintomas. Não houve, no entanto, evidência de aumento ou diminuição das calcificações cerebrais.
Os pacientes foram avaliados em diferentes cidades brasileiras, em um trabalho de campo com duração de três anos. O trabalho faz parte da principal linha de pesquisa dos autores: o estudo de métodos diagnósticos e terapêuticos em calcificações cerebrais primárias.
DOENÇA – A calcificação cerebral é uma doença causada normalmente por alterações genéticas. Os sintomas variam e podem coincidir com os de Alzheimer, Parkinson, enxaqueca, esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. Por outro lado, há pessoas que possuem as lesões e podem passar décadas sem apresentar sintomas. A doença não tem cura por definição, mas há tratamento.
Mais informações:
Professor João Ricardo Mendes de Oliveira
joao.ricardo@ufpe.br
Fonte: ASCOM/UFPE
Comunicação CRUB
(61) 3349-9010