A transição energética já é realidade no Brasil, e a UFJF está na linha de frente desse processo. O projeto “Análise de sistemas com alta penetração de renováveis utilizando a simulação em tempo real”, coordenado pela professora Janaína Gonçalves em parceria com a Universidade de Uppsala (Suécia), investiga como integrar fontes solar e eólica à rede elétrica sem comprometer sua estabilidade.
O diferencial do projeto está na metodologia. As análises mais complexas são feitas em ambientes de simulação, onde os estudantes ajudam a construir modelos que reproduzem o comportamento tanto das fontes quanto da rede elétrica. Esses cenários virtuais permitem avaliar impactos, propor otimizações e até simular serviços de controle. Em paralelo, experiências em menor escala, como bancadas de sistemas solares, permitem que os alunos testem hipóteses na prática.

Thiago Barros exalta a importância de contribuir com soluções concretas para um futuro sustentável. (Foto: Arquivo pessoal)
“É um aprendizado muito rico, porque o estudante participa de todo o processo: da modelagem matemática à execução dos experimentos”, explica Janaína. O trabalho é interdisciplinar e envolve alunos da graduação e da pós-graduação, que se capacitam em softwares de simulação, análise de dados e experimentação em laboratório.
Para Thiago Barros, doutorando e membro do projeto, essa é uma oportunidade única: “É desafiador e, ao mesmo tempo, gratificante trabalhar em algo que pode impactar diretamente a matriz energética do futuro. Participar desse projeto é sentir que estamos construindo soluções concretas para o planeta”, conta.
Projeto Biodiesel

A estudante Mayara Vieira junto com Adilson Silva ajudam a transformar óleo de cozinha em combustível limpo. (Foto: Twin Alvarenga)
Dar um novo destino ao óleo de cozinha usado transformando-o em combustível limpo é a missão do Projeto Biodiesel, desenvolvido em parceria com a Prefeitura, a Empav e a empresa britânica Green Fuels. A iniciativa reduz os impactos do descarte inadequado, fortalece a economia circular e oferece uma alternativa energética sustentável para a cidade.
O projeto funciona a partir de uma rede de colaboração: a Prefeitura organiza a coleta e fornece os insumos, a empresa parceira cede equipamentos e a UFJF conduz a pesquisa científica, com professores, técnicos e estudantes. Nos laboratórios de Química, Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica, os alunos realizam análises, testes e acompanhamento da produção, integrando teoria e prática em todas as etapas.
Segundo o coordenador Adilson David da Silva, o processo é formativo em vários sentidos: “Quando os estudantes se envolvem, eles não apenas aplicam o que aprenderam em sala de aula, mas também vivenciam o trabalho em equipe, a troca com outras áreas e a responsabilidade de propor soluções reais. Vários deles saem do projeto diretamente para o mercado, inclusive em empresas internacionais de combustíveis sustentáveis.”
Para a estudante de química Mayara Vieira, bolsista, essa vivência é transformadora. “É gratificante integrar um projeto que mostra como ciência, tecnologia e responsabilidade social podem caminhar juntas e gerar mudanças concretas”, afirma.
Núcleo de Atendimento Social da Faculdade de Engenharia (Nasfe)

Pesquisador Jonathas Silva coordena o Nasfe/UFJF, que oferece assistência técnica a famílias de baixa renda. (Foto: Twin Alvarenga)
Com o propósito de solucionar desafios de comunidades vulneráveis, o Núcleo de Atendimento Social da Faculdade de Engenharia (Nasfe/UFJF) aproxima a Universidade da realidade social. O núcleo oferece assistência técnica voltada à engenharia e arquitetura para famílias de baixa renda, mostrando como o conhecimento acadêmico pode impactar uma comunidade.
O trabalho envolve profissionais e estudantes, sobretudo da engenharia, para propor soluções de baixo custo e impacto imediato, como regularização fundiária, saneamento, habitações sustentáveis, hortas comunitárias e sistemas de captação de água da chuva.
Além de atender demandas específicas, os projetos seguem uma dinâmica estruturada. As solicitações das comunidades, instituições ou famílias em situação de vulnerabilidade chegam ao núcleo e a equipe elabora soluções adaptadas à realidade local. Em alguns casos, são intervenções mais básicas, como projetos hidráulicos e sanitários para instituições sociais; em outros, ações de maior alcance, como a regularização de imóveis de cerca de 200 famílias em processo de usucapião que está em andamento pelo projeto.
“Já atendemos demandas variadas, desde a elaboração de projetos para casas de repouso até a recuperação de áreas de preservação permanente degradadas. Muitas vezes, as pessoas não têm sequer recursos para contratar esse tipo de serviço, e recorrem ao Nasfe para que possamos auxiliá-las”, explica Jonathas Silva, que coordena o núcleo junto ao professor Otávio Eurico Branco.
As vagas para bolsistas e voluntários que querem participar do projeto são abertas por meio de editais, envolvendo principalmente alunos da Faculdade de Engenharia (civil, ambiental, elétrica, mecânica e produção). Essa participação é importante tanto para a formação acadêmica quanto para o impacto social das ações. “Os alunos vivenciam situações reais, aprendem a trabalhar em equipe e percebem o papel ético e social da engenharia. Não é só sobre técnica, mas sobre transformar vidas”, reforça o professor.
Além disso, Jonathas conta que o compromisso da universidade ganha ainda mais relevância diante dos desafios contemporâneos. “Em um mundo cada vez mais marcado por desigualdades sociais, econômicas e ambientais, o papel da engenharia deve ir além do desenvolvimento técnico e industrial. A engenharia tem, sobretudo, a responsabilidade ética e social de contribuir para a melhoria das condições de vida das populações em situação de vulnerabilidade”, destaca
Em paralelo à coordenação do projeto, Jonathas também articula parcerias com instituições externas, como a Embrapa, em projetos voltados à recuperação de nascentes, práticas conservacionistas do solo e reaproveitamento de resíduos agroindustriais na agropecuária.
Gerenciamento de resíduos

Comissão intersetorial conduz o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da UFJF. (Foto: Carolina de Paula/UFJF)
Outro passo importante é a construção do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) para mapear e propor soluções para todo o lixo produzido nos campi da UFJF. O plano abrange recicláveis, orgânicos, químicos, hospitalares e comuns, sempre com o objetivo de reduzir impactos ambientais e sociais.
A formalização de um plano como este é importante para consolidar práticas já existentes, como armazenamento, recolhimento e destinação correta, e para abrir espaço a novas estratégias, como a redução da geração de resíduos na origem. Todo esse processo é acompanhado por uma comissão intersetorial formada por professores, técnico-administrativos, estudantes e trabalhadores terceirizados.
O papel dos alunos vai desde a participação em diagnósticos e levantamentos até a proposição de ações de conscientização e educação ambiental. “A separação adequada dos resíduos depende da conscientização de cada gerador. Quando os estudantes se engajam, eles se tornam multiplicadores, ajudando a transformar o campus em um laboratório vivo de práticas sustentáveis”, destaca Rosana Colombara, diretora de Sustentabilidade e Patrimônio. Dessa forma, além de lidar com um problema ambiental urgente, a UFJF transforma o tema em oportunidade de aprendizado e envolvimento comunitário.