Encontro de Reitores no RJ vai debater o futuro das universidades

Em julho, reitores, professores, estudantes e outras personalidades da educação vão se reunir no 3º Encontro Internacional de Reitores Universia. O evento será realizado no Rio de Janeiro em 28 e 29 de julho com o tema “A universidade do século 21: uma reflexão a partir da Ibero-América”. O objetivo é analisar e discutir o futuro do ensino superior, o papel das universidades e a capacidade de resposta desses centros de ensino às necessidades da sociedade atual. O encontro também favorece planos para melhorar o ensino superior e o intercâmbio de conhecimentos entre diversas instituições de ensino.

 

Devem estar presentes mais de mil reitores de universidades de 46 países da comunidade ibero-americana, além de 150 reitores de universidades que são referência na Europa, nos Estados Unidos, na Rússia, na África, na Ásia e na Oceania.

 

O Encontro Internacional de Reitores Universia já foi sediado em Sevilha, na Espanha, em 2005 e em Guadalajara, no México, em 2010. A organização do evento é da Universia, rede de universidades de língua hispânica e portuguesa ligada ao grupo Santander. Criada em 2000, a rede Universia é formada por 1.242 universidades sócias de 23 países ibero-americanos, que representam 15,3 milhões de professores e universitários.

 

Discussões

 

Para embasar os debates do 3º Encontro Internacional de Reitores Universia, foram realizadas pesquisas sobre os temas “A universidade comprometida”, “A universidade sem fronteiras”, “A universidade formadora” e “A universidade criativa e inovadora”. Até julho, será feita ainda uma pesquisa sobre o tema “A universidade eficiente”. Cada pesquisa conta com cerca de 20 mil respondentes entre professores, estudantes e profissionais das áreas administrativa e de serviços de universidades.

 

Além dos reitores, outros interessados nos rumos das universidades podem acessar fóruns on-line sobre o assunto. Há 10 diálogos em andamento sobre temas como a relevância da pesquisa e do espaço de estudo científico ibero-americano no mundo, a aplicação das tecnologias da informação e da comunicação no ensino e o papel que a universidade deve desempenhar na sociedade em que está inserida. Para visualizar os fóruns e saber mais sobre o 3º Encontro Internacional de Reitores Universia, acesse o site.

 

Durante o evento no Rio de Janeiro, os temas que pautarão os debates serão: a universidade hoje; a universidade e os estudantes; a universidade e os professores; organização, governo e financiamento; a universidade e as tecnologias; qualidade e renovação do ensino; investigação, inovação e transferência; universidade, sociedade e meio ambiente; universidade e entorno social; e internacionalização.

 

Entrevista

 

Confira entrevista com o acadêmico Ignacio Berdugo, presidente do Comitê Organizador do 3º Encontro Internacional de Reitores Universia.

 

Qual o principal objetivo do encontro e quais são as suas expectativas para o evento?
O objetivo é dar continuidade aos eventos anteriores e promover o fortalecimento das relações entre as universidades ibero-americanas. Queremos contribuir para a melhoria do sistema universitário dos países participantes, especialmente o do Brasil, que é a sede. A reunião de reitores é uma oportunidade para que haja aproximação entre líderes de diversas instituições de ensino.

 

Essa aproximação pode facilitar a internacionalização das universidades?
Sim, com certeza. Apesar das semelhanças culturais e linguísticas, as relações entre os países da Ibero-América ainda são distantes no campo educacional. O encontro dá condições para que os representantes se aproximem e troquem experiências. O objetivo chave do encontro é possibilitar essas trocas e favorecer aproximações. É importante que haja diálogo para melhorar os sistemas universitários.

 

Qual a importância da internacionalização para o avanço de uma universidade?
As universidades não são isoladas de outros países. Existe um fator importante da internacionalização: as universidades precisam estar aptas para trabalhar num mundo globalizado, que não acaba com as fronteiras. Elas podem trocar experiências e se beneficiar desse contato.

 

Um dos tópicos a ser abordado durante o 3º Encontro Internacional de Reitores Universia é a relação entre a universidade e o entorno social e a responsabilidade social. O que é necessário para que as instituições acadêmicas apliquem seus conhecimentos à sociedade?
É um caminho a ser desenvolvido a médio prazo: é preciso prestar contas à sociedade sobre o que é feito na universidade. É um fator de desenvolvimento cultural, de investigação, de formação e de conhecimento. A universidade deve ser vista como algo importante, essencial para população.

 

Qual a grande importância do avanço das universidades para os países?
O desenvolvimento do sistema de ensino superior é de suma importância para o desenvolvimento do país. Esse é o futuro. Não há como gerar recursos energéticos, por exemplo, se não tivermos pessoas capacitadas. O desenvolvimento econômico de um país não ocorre sem recursos humanos. É preciso ter pessoas melhores em todas as áreas.

 

Na sua opinião, o que é necessário para que a edução superior brasileira alcance um nível de excelência?
A grande dimensão territorial do Brasil é uma vantagem e uma desvantagem. Tudo no Brasil é grande, o que exige esforços e investimentos de magnitudes maiores que em outros países. A aposta das últimas décadas na educação federal é exemplar, mas não podemos esperar resultados para agora. É um caminho a seguir para vermos resultados daqui alguns anos. Os programas sociais que buscam a integração das minorias são importantes para o desenvolvimento do sistema de ensino público. A expansão das universidades também é relevante. Iniciativas de internacionalização, como o Ciência sem Fronteiras, são exemplares para o desenvolvimento do sistema público. É preciso também fazer parcerias com patrocinadores. O Encontro de Reitores no Rio de Janeiro é uma oportunidade de ouro para o Brasil, país que está no foco dessa década. Grandes eventos como a Copa, a Jornada Mundial da Juventude, as Olimpíadas e outros fatores dão ao Brasil a chance de se fazer reconhecida. E essa visibilidade pode ser usada em prol do sistema educativo.

 

Perfil

 

Ignacio Berdugo é catedrático de direito penal da Universidade de Salamanca desde 1986, onde foi reitor por quase 10 anos. Ostenta o título de “doutor honoris causa” por 10 universidades e é o responsável pelo Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca. Recebeu, inclusive, uma medalha de mérito universitário pelos 50 anos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), quando foi reconhecido por sua atuação a favor do processo de internacionalização da UFAL.

 

Fonte: Correio Braziliense

 

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