Inteligência artificial, exames e sequenciamento genético: como estão as pesquisas das universidades sobre o novo coronavírus

Novos exames para diagnóstico e inteligência artificial para monitoramento de informações sobre o novo coronavírus são algumas das linhas de atuação das universidades públicas brasileiras no combate à Covid-19.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do projeto Rede Vírus, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), está desenvolvendo um novo teste de diagnóstico para a doença causa pelo vírus batizado de Sars-Cov-2.

“Atualmente, ele é feito por meio de um protocolo complexo. O novo teste tem a grande vantagem de ser aplicável de forma massiva”, explica Flávio Fonseca, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

Fonseca avalia que, se houver uma epidemia de casos, não há estrutura para que o teste de diagnóstico usado atualmente seja oferecido em larga escala. Por isso, ele destaca a importância de um método acessível. “A mão de obra, quem trabalha na bancada, são os alunos da UFMG. Todos são bolsistas de pós-graduação ou pós-doutorado”, afirma.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também trabalha na produção de um novo exame de diagnóstico que seja mais barato e rápido. A instituição criou um grupo de trabalho multidisciplinar para ações de orientação, diagnóstico e tratamento de possíveis casos da doença.

Outra linha de atuação do grupo, na área de engenharia, é o desenvolvimento de uma inteligência artificial capaz de monitorar informações relacionadas à chegada do vírus.

“Monitoramos desde o fluxo de passageiros chegando de países com transmissão da doença até dados laboratoriais, como mortalidade”, explica o coordenador do grupo, Roberto Medronho.

“A ideia é juntar grandes bases de dados e criar modelos preditivos para a ocorrência da doença, como os prováveis lugares em que ela chegará, e tentar evitar que a doença se espalhe no Brasil” – Roberto Medronho, pesquisador da UFRJ

Na região Nordeste, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) também se preparou para colaborar com o diagnóstico da doença. Foram importados dois tipos de testes para identificação do vírus: um utilizado nos Estados Unidos e outro na China.

“Ainda não precisamos usar, mas já está pronto. A gente oferece o serviço a qualquer hospital particular que queira fazer a amostra”, conta o virologista Gúbio Soares. O professor da UFBA afirma que, com esse teste, é possível isolar o vírus e fazer pesquisas.

“Ainda não fizemos estudos porque não temos recursos. Estamos esperando que o governo abra algum edital para financiar pesquisa”, diz Soares.

O Ministério da Educação informou que, no momento, não há previsão para novas bolsas de pesquisas relacionadas ao coronavírus.

Pesquisas Futuras

A pesquisadora da Unifesp, Nancy Bellei, que estuda o coronavírus há 20 anos, ressalta que ainda não é possível iniciar pesquisas para analisar características do vírus, por exemplo, uma vez que o Brasil ainda está nos primeiros casos de infectados.

“Mas eu já escrevi dois projetos para serem aprovados. A ideia é estudar familiares de infectados e os profissionais que atendem eles”, afirma a pesquisadora. Segundo ela, o objetivo será entender como o vírus evolui, quais os sintomas da doença e em quanto tempo o paciente excreta o Sars-CoV-2.

O sequenciamento do genoma do coronavírus no Brasil — importante para o entendimento da origem e evolução do vírus — também teve a participação de uma universidade pública em São Paulo. A pesquisa foi feita pelo Instituto Adolfo Lutz em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e com a Universidade de Oxford.

Outras ações

Universidades públicas também participam por meio de políticas de prevenção junto ao governo, além de levar informação aos cidadãos. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por exemplo, auxiliou na elaboração do Protocolo Clínico para Manejo de Pacientes, um manual com os procedimentos adequados para o atendimento de pessoas infectadas.

Já a Universidade Federal do Ceará criou um grupo que faz a articulação institucional com autoridades de saúde do estado e dos municípios. Juntos, eles definem ações estratégicas contra o coronavírus. A Universidade Nacional de Brasília (UNB) segue uma linha semelhante, e contribui com planos de preparação e de contingência junto à Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

Foto: Ali Shirband/Mizan News Agency

Fonte: Inteligência artificial, exames e sequenciamento genético: como estão as pesquisas das universidades sobre o novo coronavírus | Coronavírus | G1