Duas pesquisadoras paranaenses trabalharam em um estudo internacional que foi reconhecido em uma publicação na “Science”, uma das principais revistas científicas internacionais.
Maria Angélica Haddad e Rosana da Rocha são professoras do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integraram uma equipe de 60 pesquisadores que analisou os efeitos do aumento da temperatura dos oceanos.
Os cientistas analisaram de que forma a predação dos animais acontece, quais fatores influenciam no processo em que o indivíduo se alimenta de outra espécie no ambiente marinho, de acordo com a variação das temperaturas da água.
“Esse estudo tem uma validade primordial, é um estudo de amplo alcance. É um dos primeiros ou talvez o primeiro estudo marinho que contempla 70 graus de latitude”, destacou Maria Angélica.
Na pesquisa, segundo elas, foram analisados 36 pontos das costas Atlântica e Pacífica das Américas, desde o polo Ártico até o Antártico, passando pelas zonas tropicais.
No Paraná, foi analisada a área de Caiobá, na praia de Matinhos. O ponto selecionado para a realização dos experimentos foi na altura do pier, onde, segundo as pesquisadoras, as condições eram favoráveis para a atividade.
As análises foram feitas no verão de 2019, por pesquisadores de diferentes países. Em boa parte do estudo, alunos de diversas universidades também participaram do trabalho de pesquisa e coleta.
As pesquisadoras comentaram que utilizaram equipamentos como gaiolas e placas de PVC, que ficaram submersas durante 12 semanas, sendo que apenas algumas placas foram protegidas.
Em um deles, as placas estavam abertas e expostas aos peixes, que são os predadores, e em outro experimento as placas foram colocadas em gaiolas para evitar a predação dos peixes. O estudo apontou que a predação dos peixes é muito mais forte em locais tropicais.
“Nós estamos em uma época de aquecimento global, a água do mar está aquecendo. Se a gente descobre que a predação é bastante importante em áreas mais quentes, quando a gente está aquecendo mais áreas do mar, a gente está aumentando a predação nessas áreas. Portanto, a gente está mudando essas comunidades”, comentou Rosana.
Os experimentos apontaram que, em águas quentes, a predação ocorreu de forma acelerada, enquanto nas áreas mais frias, abaixo de 20 graus, o processo foi mais lento.
Segundo Rosana e Maria Angélica, os resultados não indicam preocupação imediata, mas o debate é importante, considerando que os oceanos tendem a aquecer cada vez mais, o que futuramente pode impactar na vida das comunidades marinhas.
Fonte: G1