O SpaceLab, Laboratório de Pesquisa em Sistemas Espaciais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), se prepara para colocar em órbita dois novos satélites que devem ser lançados até 28 de novembro a partir do Centro Espacial de Alcântara (CEA), no Maranhão. O lançamento do FloripaSat-2A e FloripaSat-2B faz parte da missão Spaceward 2025, marcada para novembro e cuja data exata dependerá das condições meteorológicas e das verificações operacionais. Será a primeira vez que uma plataforma completa, projetada inteiramente pelo SpaceLab/UFSC, será testada em órbita.
A missão tem como objetivo principal a validação em órbita (IOV – In-Orbit Validation) de tecnologias desenvolvidas integralmente no próprio laboratório, consolidando a plataforma FloripaSat-2 como base para futuras missões científicas e acadêmicas. “Esses satélites representam o amadurecimento de uma linha de pesquisa que vem sendo construída há anos, unindo ciência, tecnologia e formação de pessoas”, afirma o professor Eduardo Bezerra, coordenador do SpaceLab. “Além do avanço técnico, é também a realização de um projeto que forma engenheiros e cientistas brasileiros capazes de atuar em todas as etapas de uma missão espacial.”
Diferentemente dos primeiros projetos, os satélites são inteiramente nacionais, como a antena, que foi projetada e testada no SpaceLab. Os equipamentos passaram por ampla campanha de ensaios dinâmicos, térmicos e ambientais, e serão validados em órbita, o que contribui para a autonomia tecnológica brasileira e a consolidação de uma plataforma aberta (open source) para futuras missões de baixo custo.
Será o primeiro teste em órbita dessa solução no Brasil, representando um avanço para o sistema de comunicações que será empregado em futuras constelações de satélites. O período de operação previsto é de aproximadamente cinco semanas, com órbita média de 300 km de altitude. A missão tem caráter estratégico: além de validar sistemas embarcados desenvolvidos no país, contribuirá para fortalecer o ecossistema nacional de nanosatélites, que envolve universidades, empresas e agências espaciais.
Formação e impacto científico
Todos os sistemas foram projetados e integrados por estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores do SpaceLab, com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Mais do que colocar um satélite em órbita, nosso foco é formar pessoas capazes de pensar, projetar e realizar missões espaciais completas. Esse é o verdadeiro motor da pesquisa acadêmica”, destaca o professor Eduardo.
A Operação Spaceward 2025 é a primeira missão comercial da Força Aérea Brasileira (FAB) em parceria com a Innospace e recebeu autorização da Korea AeroSpace Administration (KASA), após cumprir todos os padrões de segurança, ambientais e de desempenho. A equipe do SpaceLab inicia o deslocamento para o Maranhão para acompanhar as fases finais de integração e lançamento.
A equipe do SpaceLab classifica este como “um momento de forte significado científico, institucional e simbólico, que reafirma o protagonismo da universidade pública brasileira na engenharia espacial e na inovação tecnológica”. Para o professor, “ver estudantes participando disso, de forma direta, é a maior conquista de todas”.