Universidade está emprestando chips de internet e equipamentos para que estudantes possam assistir aulas e estudar durante a quarentena devido à pandemia de coronavírus.
A Unicamp suspendeu várias atividades por causa da pandemia de coronavírus. As atividades presenciais estão paradas na universidade, no entanto os alunos seguem estudando à distância. E para permitir que o máximo deles possam ter acesso às atividades, a instituição criou um programa para auxiliar indígenas e todos os que tiverem dificuldade para ter acesso à internet.
A Unicamp, desde 2018, tem um vestibular voltado especificamente para a comunidade indígena. No entanto, como a maioria deles teve que voltar para casa em meio à quarentena, a universidade passou a emprestar equipamentos e chips de internet para que eles pudessem acompanhar as atividades.
É o caso do estudante do Paulo Jeremias Aires, que é estudante de arquitetura e urbanismo. Ele retornou para a aldeia Taquaritiuia, no Maranhão, e recebeu pelo correio o equipamento.
“Eu tinha acesso à internet, só que era bem ruim. No meio das aulas, a internet caía e, às vezes quando voltava, já tinha terminando. E eu ficava bem frustrado. Eu consigo agora acompanhar as aulas, a internet não tem caído e tem sido melhor”, conta. “Veio pelo correio e, além do chip, eu recebi um compasso que o meu professor de geometria disponibilizou. Eu não tinha e aqui na cidade também não tem”.
A assistência aos alunos é feita pelo Observatório de Direitos Humanos da Unicamp, que já emprestou mais de 550 chips, computadores e tablets para estudantes de baixa renda. Cem deles são indígenas.
“Uma parte grande deles, nós compramos com o dinheiro de doações. Outra parte, colegas de vários institutos tinham nos seus laboratórios, nos seus espaços de trabalho, equipamentos que não estavam sendo usados neste momento. Então eles foram cedidos para nós emprestarmos para os estudantes. Então todos os equipamentos são emprestados. Um sistema em que o aluno assina um termo de responsabilidade, porque são equipamentos públicos, são equipamentos da universidade pública”, explica Josianne Cerasoli, coordenadora do observatório.
A medida acaba sendo um alívio para os estudantes que estão em áreas isoladas, mas continuam conectados ao sonho de uma formação universitária.
“Eu achei a iniciativa de mandarem o chip ótima, porque até então estava sem internet. Eu não tinha como fazer os trabalhos. Assim fica bem melhor fazer os trabalhos”, diz a estudante Lisa Graciliano Queiroz.
“A inclusão social é importantíssima. A universidade pública não podia fugir ao seu papel nesse momento e nós entendemos que se hoje a inclusão digital faz parte dessa política, precisávamos fazer um esforço. Não fazia sentido nós termos o equipamento parado na universidade e essas pessoas que nós queremos incluir, sem acesso aos equipamentos”, completa Josianne.
O programa vale para todos os estudantes que não possam contar com equipamento ou conexão de internet.
Foto: Reprodução EPTV