UNICAMP – Teste identifica vírus zika em doentes

Foto: Antonio Scarpinetti

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Um teste desenvolvido por uma força-tarefa de virologistas do Estado de São Paulo, incluindo cientistas da Unicamp, é capaz de detectar e identificar, em poucas horas, a presença de material genético dos vírus da zika, da dengue e da chikungunya em amostras de saliva, sangue ou urina de pessoas doentes. “É um teste preciso e um teste rápido”, disse a pesquisadora Clarice Arns, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. “Já se tem o resultado no mesmo dia, em cinco horas ou um pouco mais”.

 

Clarice adverte que, ao contrário dos testes sorológicos – que detectam sinais da resposta imune do paciente ao vírus, e portanto podem ser aplicados a pessoas que já se recuperaram – o teste genético, para ser eficaz, requer que o paciente ainda esteja com a doença: “Ele tem que estar com sintomas, já que o que o teste detecta é a presença do vírus no organismo. E é um teste muito importante, porque imagine uma mulher grávida que esteja doente. Ela pode estar com  gripe, dengue, algum outro vírus, mas hoje o maior medo é a zika. Aí eu faço o teste e dá negativo para zika. Imagine o alívio dessa pessoa”.

Clarice explica que o novo teste foi adaptado a partir procedimentos já utilizados para identificar outros tipos de vírus. “Essa adaptação para diferentes vírus não é simples”, disse. “É preciso ter o vírus, ter os controles, realizar vários experimentos”. A força-tarefa de cientistas paulistas envolvidos na criação do teste incluiu também USP, Instituto Butantã, Unesp e Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

De acordo com Clarice, tanto a Unicamp quanto as outras instituições que participam das pesquisas têm condições de iniciar em breve a realização dos testes: no caso da Unicamp, as amostras para análise serão encaminhadas pelo Hospital de Clínicas da universidade. “Aqui na Unicamp há pelo menos cinco laboratórios que podem fazer isso”, disse a pesquisadora. Mas a expansão do procedimento para a rede pública em geral depende de mais verbas. “Não é um teste barato, e requer pessoal capacitado. A verba que temos, pelo menos até agora, é só de pesquisa”.

A pesquisadora também chamou a atenção para a necessidade de se distinguir entre o tempo do teste – de poucas horas – e o tempo de diagnóstico, que pode ser maior. “Como se trata de um teste caro, talvez seja preciso juntar várias amostras antes de executá-lo”, exemplificou. “Às vezes pode ocorrer alguma dúvida e o teste pode ter de ser refeito. E o diagnóstico, no fim, vem do médico”.

Microcefalia

O vírus da zika, que assim como o da dengue e o da febre chikungunya é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, causa uma doença de sintomas geralmente leves, mas virou alvo de preocupação internacional por conta de sua provável associação com uma má-formação congênita, a microcefalia. “Cerca de 70% dos casos de zika são subclínicos”, disse Clarice. “A doença só recebeu tanta atenção por causa desse problema com as crianças”.

A possibilidade de ligação entre o zika e a microcefalia foi detectada inicialmente no Brasil. Nesta semana, um artigo publicado no periódico americano New England Journal of Medicine apontou a presença do vírus no cérebro de um feto microcefálico abortado.

“Isso mostra que o vírus é capaz de cruzar a barreira encefálica”, disse Clarice, comentando o novo estudo. “É um resultado muito importante, mas ainda não dá para estabelecer, cientificamente, uma relação de causa e efeito entre o zika e a microcefalia”.

Fonte: Assessoria de Comunicação e Imprensa – ASCOM – Unicamp

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