Pesquisa mostra impacto da Floresta da Tijuca na regulação do clima urbano do Rio

Estudo da UVA e UFRJ revela diferença de até 10°C entre bairros com maior e menor cobertura vegetal

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) analisou a influência da Floresta da Tijuca sobre o microclima da cidade do Rio de Janeiro. O levantamento feito em quatro pontos – Alto da Boa Vista, Tijuca (Praça Saens Peña), São Cristóvão e Irajá – mostrou que a diferença entre as temperaturas máximas nas áreas mais arborizadas e regiões altamente urbanizadas pode chegar a 10°C.

A análise estatística revelou que a temperatura média no Alto da Boa Vista variou entre 25°C e 30°C, enquanto nos bairros mais afastados da floresta os valores atingiram picos de 40°C a 41°C, com destaque para São Cristóvão e Irajá. Já os índices de umidade relativa do ar seguiram um comportamento inverso: no Alto da Boa Vista, os valores oscilaram entre 60% e 100%, enquanto em Irajá e na Praça Saens Peña chegaram a mínimas de 30% a 40%. Essa variação reforça o papel da vegetação na manutenção da umidade atmosférica e no conforto térmico da população.

“A pesquisa destaca a importância da preservação de áreas verdes como a Floresta da Tijuca, peça-chave na regulação do clima da cidade, e do planejamento urbano sustentável para mitigar os impactos do aquecimento urbano. Precisamos de mais políticas públicas voltadas à conservação ambiental e à expansão de áreas verdes nos centros urbanos”, ressalta Cleyton Martins, professor e pesquisador da UVA, que conduziu o estudo ao lado de Graciela Arbilla, também docente e pesquisadora da UFRJ.

Os dados coletados demonstram que a urbanização densa e a substituição de áreas verdes por concreto e asfalto promovem o aumento da temperatura local, intensificando os efeitos das ilhas de calor. A Praça Saens Peña, na Tijuca, apresentou algumas das temperaturas mais elevadas e níveis mais baixos de umidade, resultado da verticalização acelerada e do intenso tráfego de veículos. Em São Cristóvão, além da influência da urbanização, há a proximidade da Baía de Guanabara, que também interfere na dinâmica climática local.

O estudo foi feito com base em séries históricas utilizando dados de monitoramento meteorológico disponibilizados por estações localizadas nos quatro bairros analisados. A análise dos parâmetros de temperatura e umidade foi realizada a partir de médias, máximos e mínimos registrados ao longo do período, permitindo compreender a variação desses fatores em diferentes contextos urbanos e naturais.

Fonte: Universidade Veiga de Almeida – UVA