Estudo da Unemat, UFMS e UFMT mostra que as queimadas impedirão o Brasil de honrar o Acordo Climático de Paris

O artigo foi publicado na revista científica Nature Scientific Reports. Pesquisa foi liderada pela Universidade do Estado de Mato Grosso e pela Federal de Mato Grosso do Sul.

Em trabalho recém-publicado na renomada revista científica internacional Nature Scientific Reports, pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da francesa Université Rennes 2, divulgaram dados colhidos entre 1999 e 2018 sobre as queimadas. A partir desses levantamentos, os cientistas acreditam que, em 2030, o Brasil não será capaz de cumprir o que havia prometido no Acordo Climático de Paris.

Os pesquisadores analisaram os focos de calor em todos os seis biomas brasileiros – Pampa, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Cerrado e Amazônia – usando números obtidos por diversos satélites. Com base nas informações colhidas, os pesquisadores apontam que o Brasil emitirá, no ano de 2030, 5,7 GtCO2 (gigatoneladas de dióxido de carbono) somente como resultado das queimadas, sendo que o limite de emissão é de 1,2 gigatoneladas de dióxido de carbono. Cada Gt corresponde a um bilhão de toneladas.

Segundo o professor da Unemat Carlos Antonio da Silva Júnior, doutor em Agronomia e autor principal da pesquisa, estes números impressionam e evidenciam a ausência de uma ampla política de combate aos incêndios no país que vêm ocorrendo desde governos passados. “Além disso, demonstram que não conseguiremos atingir as metas do Acordo Climático de Paris”, revela.

Paulo Eduardo Teodoro, doutor em Genética e Melhoramento e professor da UFMS, lembra que o estudo não avaliou os anos de 2019 e 2020, uma vez que a pesquisa foi realizada a partir do segundo semestre de 2018 e encerrada no primeiro semestre de 2019. “Mas os anos de 2019 e 2020 provavelmente estarão contribuindo para deixar o Brasil em uma posição cada vez mais distante do Acordo Internacional”.

O Acordo de Paris foi assinado em 1992 por 195 países que participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Com o intuito de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável, ele estabelece o compromisso de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Jair Bolsonaro, durante sua campanha de 2018, havia prometido que retiraria o Brasil do acordo caso fosse eleito. Enquanto presidente, no entanto, firmou, em 2019, o compromisso de permanecer.

Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

Fonte: PNB Online