Chamada selecionará 18 novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão em seis ciclos de apresentação de propostas, entre 2021 e 2026
A FAPESP iniciou processo de seleção de novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs). É o terceiro edital do programa iniciado em 1998 que tem como objetivo financiar, por um período de até 11 anos, a constituição de centros de pesquisa de classe mundial, comprometidos com o desenvolvimento de pesquisa, a formação de recursos humanos, a transferência de tecnologia e a difusão de conhecimento para a sociedade.
No primeiro edital, em 1998, foram selecionadas propostas de criação de 10 CEPIDs e, no segundo, em 2011, 17. Na chamada atual, serão constituídos 18 Centros, a serem escolhidos entre 2021 e 2026, em seis ciclos de apresentação de propostas, divididos por área de conhecimento.
No primeiro ciclo, em 2021, serão selecionados até três CEPIDs nas áreas de Ciências da Saúde, Biológicas e Agronomia e Veterinária. As pré-propostas devem ser apresentadas até 15 de setembro. As propostas selecionadas deverão ser reapresentadas de forma completa até 26 de fevereiro de 2022. O resultado da seleção final será divulgado em 31 de agosto de 2022.
Nos anos seguintes – e seguindo os mesmos procedimentos – serão selecionados três CEPIDs nas áreas de Ciência Humanas, Sociais, Arquitetura e Urbanismo, Economia e Administração (2022); seis nas áreas Ciência Exatas e da Terra e Engenharias (2023 e 2025); e outros seis nas áreas de Ciência da Saúde, Biológicas e Agronomia e Veterinária (2024 e 2026).
“Cada um dos CEPIDs selecionados terá sua atividade avaliada no terceiro, quinto e oitavo anos de implantação”, disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP. Os Centros que não forem aprovados no terceiro ano terão mais seis meses de apoio até sua desativação. E os aprovados na quinta avaliação terão apoio renovado por mais seis anos. Os Centros que não forem aprovados na oitava avaliação terão um ano adicional de apoio, em valores reduzidos, para sua desativação ou busca de outra fonte de financiamento.
Ao longo dos 11 anos de financiamento, cada CEPID contará com até R$ 8 milhões anuais nos primeiros cinco anos – num total de atéR$ 40 milhões no período. “A partir do quinto ano, o limite do orçamento será definido pela FAPESP por ocasião do processo de renovação. Espera-se que a pesquisa do Centro possa seguir sendo realizada com a infraestrutura adquirida e instalada nos cinco anos iniciais. A FAPESP só analisará a solicitação de novos grandes equipamentos em casos excepcionais, muito bem justificados”, disse Mello.
Mais informações sobre o edital CEPID 2021 – como requisitos do pesquisadores responsáveis e principais, itens financiáveis, critérios de avaliação, entre outros – estão disponíveis em fapesp.br/14948/edital-cepid-2021.
Modelo inovador de fomento
Pautados pela pesquisa em colaboração e orientados por missões específicas – assentadas no tripé pesquisa, inovação e difusão – os CEPIDs tiveram um grande impacto na ciência produzida no Estado de São Paulo nos últimos 20 anos.
O Centro de Terapia Celular (CTC), com sede no Hemocentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, foi pioneiro num tratamento inovador contra o câncer, utilizando células reprogramadas de um paciente com linfoma avançado e refratário à quimioterapia. Menos de um mês após a infusão das células CART-T foi observada melhora clínica (mais informações em https://fapesp.br/31656).
Outro exemplo é Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica, com sede na Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, que criou uma técnica para descontaminar órgãos para transplante por meio do uso de radiação ultravioleta e luz vermelha.
Os CEPIDs também cumpriram a missão de produzir novas tecnologias. O Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidro, por exemplo, criou uma técnica mais simples e barata para obter material à base de vidro, que pode ser utilizado em próteses oculares, no tratamento da sensibilidade dos dentes e em várias outras aplicações.
Alguns CEPIDS, como o Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), com sede na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), se transformaram em berçários de spin-off. Pelo menos duas startups – a Nanox e a nChemi –, ganharam mercado utilizando tecnologias gestadas no Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), com sede na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A primeira apresentou recentemente ao mercado um tecido com micropartículas de prata, capaz de inativar o coronavírus SARS-CoV-2 e, a segunda, desenvolveu tecnologia de revestimento cerâmico nanométrico que aumenta a dureza superficial das brocas e fresas cirúrgicas em 90% e diminui o atrito em 50%.
Todos os 17 CEPIDs atualmente em operação desenvolvem atividades de difusão. O Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco, com sede no Instituto de Biociências da USP, em São Paulo, promove ações de capacitação de professores do ensino médio, em parceria com Diretorias de Ensino do Estado de São Paulo, além de manter um laboratório itinerante, com kits para a confecção e visualização de preparações citológicas e elaboração de experimentos simples.
Os bons resultados do modelo de operação dos CEPIDs – pesquisa em colaboração, inovação e parcerias com empresas e difusão do conhecimento – inspiraram outras iniciativas da Fundação nos últimos anos: os Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs), o Centros de Ciência para o Desenvolvimento/Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas em São Paulo e os projetos do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP), já em operação.
Fonte: FAPESP
Imagem: FAPESP