Pesquisas da Uerj dialogam com tema do Prêmio Nobel de Química 2025

Laboratório do Instituto de Química estuda estruturas metalorgânicas há quase duas décadas

O Prêmio Nobel de Química de 2025 destacou uma linha de pesquisa que também é desenvolvida na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Os cientistas Richard Robson (Universidade de Melbourne, Austrália), Susumu Kitagawa (Universidade de Kyoto, Japão) e Omar Yaghi (Universidade da Califórnia, EUA) foram laureados pela criação e desenvolvimento das estruturas metalorgânicas, conhecidas como MOFs (Metal-Organic Frameworks).

Esses materiais inovadores combinam íons metálicos e moléculas orgânicas, formando estruturas altamente porosas capazes de capturar, armazenar e separar diferentes tipos de moléculas, uma espécie de “esponja atômica”. As MOFs têm aplicações promissoras em áreas como armazenamento de energia, tratamento de água, liberação controlada de medicamentos e controle da poluição atmosférica.

Na Uerj, o Grupo de Química de Coordenação e Espectroscopia de Lantanídeos (GQCEL), do Instituto de Química, vem atuando nessa mesma área de estudo há quase 20 anos, sob a coordenação do professor Lippy Faria Marques. O grupo é o único do Estado do Rio de Janeiro a pesquisar as aplicações das chamadas Redes Metalorgânicas de Lantanídeos, uma vertente das MOFs.

As pesquisas do GQCEL desenvolvem materiais que apresentam luminescência intensa em várias cores (como vermelho, verde, amarelo e azul) e resistência a altas temperaturas. Essas propriedades permitem múltiplas aplicações práticas, desde marcadores químicos usados em perícias e segurança pública, até termômetros luminescentes capazes de medir variações mínimas de temperatura em escala nanométrica, como no interior de uma célula. Esse tipo de termometria pode contribuir futuramente para monitorar o comportamento de células tumorais, que apresentam temperaturas ligeiramente mais altas que as células saudáveis.

Segundo o professor Lippy Marques, as MOFs estão entre os materiais mais promissores da química moderna e têm potencial para transformar áreas estratégicas como energia, meio ambiente, saúde e segurança. “Apenas alguns gramas das MOFs possuem uma área superficial equivalente a um campo de futebol, o que permite armazenar quantidade imensas de gases, gerando compartimentos de estoques de gases menores e com muito gás retido em seu interior”, explica Marque.

O grupo é composto por estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado, e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Fonte: UERJ