A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está realizando uma força-tarefa para reunir especialistas da Universidade que tenham alguma pesquisa, projeto ou que conheçam o tema doenças virais transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika virus e Chikungunya. Esse trabalho está sendo conduzido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) que, em dezembro, reuniu esses especialistas, que agora formam um grupo de trabalho (GT), para conversar em rede a respeito do assunto na sala de reuniões do Gabinete do Reitor. A professora Gláucia Pastore, pró-reitora de pesquisa, coordenou os trabalhos.
Nessa reunião, o GT conseguiu entender como as linhas de pesquisa funcionarão. A próxima etapa, no dia 14 de janeiro, será dedicada a novas apresentações. As primeiras foram da professora Maria Luiza Moretti (Faculdade de Ciências Médicas – FCM) e do professor José Luiz Proença Modena (Instituto de Biologia – IB). A PRP também apoiará a vinda de pesquisadores para darem palestras na Universidade.
A Unicamp, segundo Gláucia Pastore, flerta com a expectativa de investir num laboratório de nível 2 de segurança biológica, os chamados guidelines. São laboratórios que trabalham especificamente com determinados vírus para manuseio com segurança e que precisam atuar sob pressão negativa do ar. “Trata-se de unidades muito dispendiosas e por isso vamos nos preparar para, em um futuro próximo, concretizar essa necessidade. Enquanto isso não acontece, o GT vai utilizar laboratórios de outras cidades, como por exemplo Ribeirão Preto. Vamos estabelecer parcerias até que possamos ter o nosso, a fim de fazer coletas e investigar mais detidamente os vírus”, comentou.
De acordo com ela, a Unicamp tem dentro dos seus quadros de especialistas professores e pesquisadores de altíssimo gabarito e com expertise na área. Eles podem, em conjunto, trazer alguma solução para beneficiar a sociedade e a saúde pública. “Enquanto estávamos tratando da dengue, veio a complicação – o zika virus, tornando obrigatório o envolvimento de todas as pessoas para combatê-lo.”
Projeto
Diante das notícias que os órgãos públicos estão divulgando neste momento, a PRP achou de suma importância montar um projeto para trazer luz ao assunto. É o projeto Zika. Não se trata de uma iniciativa regional. É algo maior. A questão do controle do mosquito, do ponto de vista territorial, não faz parte do projeto. “Vamos conhecer o ecossistema do mosquito, conhecer seus hábitos, sua fisiologia, qual é o seu ponto de ataque e entender tudo o que está acontecendo ”, relatou. Dentro desse trabalho será estudado, em grande medida, o diagnóstico. Isso porque hoje há algumas formas de diagnóstico e, ao que se sabe, kits não são produzidos no Brasil e têm que ser importados. “Estamos vendo o que podemos oferecer em substituição”, explicou.
Como parte ainda das estratégias, ocorrerão ações sociais na Unicamp, mas muito mais mediadas pela Prefeitura Municipal de Campinas, tendo como articulador o professor Roberto Teixeira Mendes, atual diretor-associado da FCM. O médico deve coordenar um grupo de intervenção em paralelo com o GT da Unicamp. O projeto da Unicamp também conta com o envolvimento da Secretaria de Saúde do município e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Tivemos uma reunião na Prefeitura com um comitê que discute o controle do vetor. Foram chamados todos os hospitais-maternidades das universidades”, informou Teixeira Mendes.
Subgrupos da Unicamp irão discutir grandes temas como o mosquito, o vírus, o diagnóstico e a imunização. Serão esses os pontos chaves para chegar a um consenso no grupo como um todo. O GT sobre o zika foi criado recentemente. Essa foi a segunda reunião. Na primeira, a pró-reitora contou que reuniu os diretores dos institutos e das unidades relacionadas à área médica e biomédica, entre eles a FCM, a Faculdade de Enfermagem (FEnf), o Instituto de Química (IQ), o IB e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF). As docentes Clarissa Weis Arns e Maria Luiza Moretti serão coordenadoras desses subgrupos.
Gláucia Pastore realçou que, nessa última reunião, algumas opiniões convergiram para a expectativa de empregar compostos vegetais para agir sobre o vírus. “Já identifiquei que a casca do Araticum é um ótimo combatente de larvas, de dengue. É um trabalho feito no Nordeste e que podemos amplificar aqui”, garantiu. “Isso deverá passar por uma produção e virar possivelmente um spray. Na sequência, vamos ao Ministério da Saúde (MS), ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para obter financiamento e apoio.
No futuro, serão escolhidos outros alvos de pesquisa. A ideia então é oferecer um grande conhecimento sobre o zika virus aos órgãos governamentais, pois existe uma probabilidade de surgirem outras doenças virais transmitidas pelo mosquito. “Vamos assumir outros desafios e em outras áreas. Quando este projeto já estiver caminhando como se espera, vamos estudar baterias para carro elétrico e criar outro GT. O papel da PRP é muito articular ciência e tecnologia”, definiu.
Participaram do segundo encontro do GT Zika os professores: José Luiz Proença Modena (IB), Ana Paula Resende Simiquels (FEA), Marcelo Lancellotti (FCF/IB), Marcos Nolasco (FCM), Mary Ann Foglio (FCF), Rodrigo Catharino (FCF), Ivan Toro (FCM), Fábio T.M. Costa (IB), Elizabeth Bilsland (IB), Isaías Carmini (IB), Carlos Fernando S. de Andrade (IB), Daniel Fábio Kawand (FCF), Mariângela Ribeiro Resende (FCM), Maria Luiza Moretti (FCM), Vera Lúcia Gil da Silva Lopes (FCM) e Clarice Weis Arns (IB).
Fonte: Assessoria de Comunicação e Imprensa – Unicamp
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